Dicas para evitar fraudes no abastecimento! Veja oito práticas que podem afetar seu carro e saiba como denunciar

Por: Jean Souza – Instituto Combustível Legal

Apesar de diversas ações bem-sucedidas contra o crime organizado, ainda são muitas as práticas irregulares e fraudes encontradas, a cada ano, em postos de combustíveis. E não importa o tipo, se você abastece com gasolina, álcool, GNV ou diesel, deve ficar alerta para algumas práticas denunciadas pelos órgãos de fiscalização.

Dependendo do tipo de fraude, os danos a carros, motos e caminhões podem gerar sérios prejuízos e dor de cabeça a curto prazo, como o enguiço do seu veículo, ou o desgaste pré-maturo de partes importantes do motor (veja os estragos do combustível adulterado no seu carro).

Aqui, listamos oito práticas conhecidas e damos algumas dicas do que fazer para se proteger, denunciar e reivindicar seus direitos. Confira:

  1. Bomba fraudada

A bomba fraudada mostra uma quantidade de combustível no visor, mas entrega quantidade menor no tanque. Por exemplo, o consumidor pode pagar o equivalente a 20 litros, mas levar apenas 18, já que a bomba pode ser programada por meio de um chip, ou acionada por controle-remoto na hora do abastecimento.

Essa fraude de volume tem sido combatida por órgãos de fiscalização constantemente e pelo menos dez estados contam com legislação que penaliza esse tipo de prática. É importante não confundi-la com a bomba baixa, que é quando o equipamento apresenta uma pequena defasagem volumétrica, mas ainda dentro da quantidade permitida pela lei. No Brasil, a variação aceitável para cada 20 litros de combustível abastecido é de 60ml para menos ou 100 ml para mais.

Combate à bomba fraudada: novas soluções tecnológicas prometem trazer mais segurança ao abastecimento

  1. Combustível batizado (ou combustível adulterado)

Acontece quando os combustíveis são misturados com outras substâncias químicas, como solventes. Isso pode prejudicar o motor do carro, já que os solventes corroem as partes de borracha do motor e peças vitais, como as velas de ignição, sonda lambda e até a boia do tanque, que deixa de funcionar direito. Dependendo do produto adicionado, os efeitos podem ocorrer sobre a saúde do condutor, devido à inalação de produto tóxico.

Uma dica: se você for abastecer com etanol, preste atenção ao densímetro acoplado à bomba. Nele, há um aparato que fica flutuando dentro de uma ampulheta. Ao encher o tanque do seu veículo, verifique se o equipamento se mexe, pois isso é sinal de que o combustível está passando por ele. Se a coluna vermelha do densímetro estiver acima do nível do líquido, o etanol tem problemas. Nesse caso, denuncie!

Passo a passo: como deve ser usado o densímetro

  1. Excesso de álcool na gasolina

É um dos tipos de adulteração identificados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e acontece quando colocam etanol hidratado no mesmo tanque da gasolina. Importante destacar que, mesmo num carro flex, o consumo de combustível acaba sendo mais elevado quando a mistura é feita de forma irregular.

Atualmente, o teor de etanol misturado à gasolina C é de 27% para a gasolina comum e 25% para a gasolina premium. Entretanto, os fraudadores encontram formas de adicionar mais álcool que o permitido, pagando menos impostos e enganando o consumidor. Por isso, é sempre bom pedir a nota fiscal nos estabelecimentos, pois é o seu instrumento para realizar denúncias.

  1. Metanol na gasolina ou no etanol

Uma das fraudes mais perigosas é a mistura do metanol com gasolina, ou etanol. A legislação brasileira impede o uso do metanol como combustível devido, justamente, à sua alta toxicidade.

O metanol pode provocar graves danos à saúde, como cegueira, problemas renais e hepáticos, e até mesmo a morte. A intoxicação pode ocorrer por inalação, ingestão, ou absorção na pele. Um dos riscos do metanol é o seu alto potencial para queimar e até provocar explosões. Sua chama é invisível, sem a presença de fumaça.

Metanol, veneno que pode estar escondido no tanque do seu carro

  1. Posto pirata

É o nome dado quando um posto imita uma marca conhecida, copiando cores das instalações, dos uniformes dos funcionários e outros elementos. Uma forma de propaganda enganosa, já que as pessoas pensam que estão entrando em um estabelecimento de marca confiável, mas os produtos vendidos ali são de outra procedência.

A clonagem de identidade visual pode acontecer com um posto que deixa de participar de uma franquia, mas mantém alguns símbolos da companhia.

  1. Bomba de GNV com pressão acima do permitido

Fiscalizações da ANP têm identificado, em diversas regiões do país, postos que vendem gás natural veicular (GNV) com pressão acima do percentual permitido (2%) pela agência. Em geral, quando isso acontece, o estabelecimento tem a bomba irregular interditada.

  1. Óleo diesel adulterado ou fora da especificação

Outra irregularidade identificada pela ANP em fiscalizações é o teor de biodiesel abaixo do exigido. Esse valor tem variado ao longo dos anos, mas será de 10% em 2022. Outro problema recorrente é a presença de água e de sedimentos no combustível, fatores que interferem diretamente no rendimento do motor.

  1. Adulteração do Arla 32

O Agente Redutor Líquido Automotivo (Arla 32) é um reagente químico usado em caminhões para reduzir a emissão de poluentes no ar. Seu uso é obrigatório para atender à legislação vigente, mas a fiscalização nas estradas encontra usuários dos chamados “chips paraguaios”, instalados nos veículos para trapacear as ações fiscalizatórias. Outra fraude encontrada é a mistura do produto com outros reagentes químicos, prática que pode resultar em acidentes, pois o sistema inteligente dos veículos monitora o consumo de Arla 32.

Nas situações em que uma substância de menor qualidade é colocada no lugar do aditivo, ou quando ele não é usado, o sistema entra em um modo de proteção, que diminui a performance dos caminhões.  Além disso, os prejuízos a um caminhão que usa produto clandestino pode gerar prejuízos em torno de R$ 20 mil, quando é necessário repor peças danificadas.

Como evitar comprar combustíveis de má qualidade?

Confira algumas dicas para se prevenir:

Frequente postos de confiança, de preferência em bandeiras conhecidas;

Exija a nota fiscal para comprovar a origem do abastecimento. Isso é imprescindível para possíveis denúncias em casos de irregularidades;

Desconfie de postos que têm preços muito abaixo dos praticados na região. Isso pode indicar algo anormal; e

Se suspeitar que o seu veículo foi abastecido com combustível adulterado, entre em contato com os Procons estaduais, ou com a ANP, no endereço www.anp.gov.br/fale-conosco.

 O site do Instituto Combustível Legal também disponibiliza a seção Denuncie, que facilita ao consumidor encontrar o órgão competente para o tipo de denúncia que deseja realizar. Basta acessar, informar sua região e o problema encontrado ao abastecer. 

 https://institutocombustivellegal.org.br/denuncie/

Assista: combustível adulterado: quais prejuízos no seu carro? Por Marcellus Leitão

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