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Entrave entre Irã e Israel vai elevar preços do petróleo

16/04/2024

Fonte: Diário do Comércio 

A economia mundial já se prepara para os desdobramentos de uma possível retaliação de Israel contra o ataque do Irã que ocorreu no final de semana. Os impactos desse entrave podem afetar a vida econômica de todo o mundo, incluindo uma elevação nos preços do petróleo caso o conflito aumente entre Israel e Irã. De acordo com o consultor da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Alexandre Brito, o preço do petróleo deverá se manter em alta por conta desta tensão no Oriente Médio.

“Embora o mundo não seja tão dependente, mas cerca de 1/3 do petróleo mundial vem daquela região (Irã, Iraque e Kuwait) onde está ocorrendo esse conflito e tem potencial para complicar o cenário de preços do petróleo no mundo. Mas tudo depende do desdobramento que será dado por Israel para conhecermos o impacto que virá de agora em diante”, ponderou o consultor.

Segundo Brito, é certo que, se houver uma escalada no conflito haverá consequência nos preços, elevando a inflação mundial, o que geraria um efeito cascata em todas as economias. “Todos serão impactados, ainda mais se houver um bloqueio no estreito de Hormuz. O grande cliente do petróleo do Irã é a China e, caso o produto não chegue até o destino, encareceria ainda mais o preço do petróleo mundialmente”, disse.

Para o cientista político e professor de Relações Internacionais do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), Adriano Cerqueira, trata-se de um conflito que pode ganhar um corpo mais agressivo e gerar incertezas em relação ao petróleo. “Já vimos hoje uma desvalorização do real frente ao dólar, o que pode impactar na Petrobras, pressionando-a por reajustes nos preços dos combustíveis. O cenário com uma alta dos preços pode impactar diretamente na gasolina, o que faria com que piorasse a percepção e, consequentemente, o índice de aprovação do governo brasileiro”, avaliou.

De acordo com Cerqueira, a União Europeia (UE) e os Estados Unidos (EUA) estão tentando evitar o avanço do conflito. “Neste momento está acontecendo um jogo diplomático, com possíveis sansões que poderão ser impostas ao Irã. Temos que aguardar os próximos passos de Israel, que até então não reagiu. Mas é tida como certa alguma retaliação, seja ela diplomática ou militar. O Brasil, em termos de política externa não tem uma voz homogênea, o que nos deixa sem saber qual a sua real intenção com relação a esse confronto”, avaliou.

Conflito Irã x Israel: Petróleo no cenário mundial

Segundo o professor da Fundação Dom Cabral (FDC), Paulo Vicente dos Santos Alves, algo vai acontecer, seja hoje ou nos próximos dias. “O que podemos imaginar é o aumento da tensão, cenário que vai elevar os preços do petróleo e do ouro em todo o mundo. Os Estados Unidos não dependem tanto do petróleo da região do conflito, por outro lado, a China é dependente. Se a China parar, pararemos na sequência e, em Minas Gerais, teremos a mineração e o agronegócio afetados, pois são setores dependentes dos combustíveis”, projetou.

Ainda de acordo com Alves, talvez o impacto na economia não será sentido imediatamente. “Entretanto, o mercado financeiro se adianta, consequentemente, ouro e petróleo deverão ter os preços elevados. Mas dependerá muito do contra ataque de Israel e como isso será reverberado nos próximos dias. O cenário mais provável é com a China tentando segurar o Irã e os Estados Unidos acalmando Israel, para que o conflito não se intensifique. Cerca de 40% das exportações iranianas tem como destino a China e com os EUA vivendo um momento de inflação em alta, uma elevação nos preços do petróleo e ouro pode complicar mais o cenário econômico mundial”, explicou.

Na avaliação do estrategista-chefe da Warren Investimentos, Sérgio Goldenstein, o conflito no Oriente Médio pode afetar mais a taxa de câmbio caso haja um escalada das tensões envolvendo diretamente o Irã, o que poderia provocar um movimento de aversão a risco e valorização global do dólar.

“Caso o real continue se desvalorizado, isso geraria efeitos inflacionários e, consequentemente, poderia prejudicar o ciclo de queda de juros que está sendo promovido pelo Banco Central (BC). Apesar da mediana das expectativas dos economistas para a taxa Selic terminal ser de 9,0%, o mercado de juros futuros já precifica uma Selic final na casa de 10% a 10,25%. Além disso, outro risco seria uma nova escalada do petróleo, devido aos seus efeitos sobre a inflação global e local. Se o BC encerrar o ciclo com uma taxa Selic num patamar ainda bem restritivo, isso geraria efeitos negativos sobre o mercado de crédito e a atividade doméstica”, pontuou Goldenstein.

governo brasileiro acompanhou, com grave preocupação, os relatos de envio de drones e mísseis do Irã em direção a Israel, deixando em alerta países vizinhos como Jordânia e Síria. Em nota, o Itamaraty afirmou que, desde o início do conflito em curso na Faixa de Gaza, o governo brasileiro vem alertando sobre o potencial destrutivo do alastramento das hostilidades à Cisjordânia e para outros países, como Líbano, Síria, Iêmen e, agora, o Irã. O Brasil apelou a todas as partes envolvidas que exerçam máxima contenção e conclamou a comunidade internacional a mobilizar esforços no sentido de evitar uma escalada.

“Em vista dos últimos acontecimentos no Oriente Médio, o Ministério das Relações Exteriores orienta os brasileiros que evitem viagens não essenciais à região, em particular a Israel, Palestina, Líbano, Síria, Jordânia, Iraque e Irã e que os nacionais que já estejam naqueles países sigam as orientações divulgadas nos sítios eletrônicos e mídias sociais das embaixadas brasileiras. O Itamaraty vem monitorando a situação dos brasileiros na região, em particular em Israel, Palestina e Líbano desde outubro passado”, afirmou a nota.

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