Diesel-R: Petrobras anuncia novo diesel coprocessado com 20% de conteúdo renovável compatível com frota atual e voltado à redução de emissões no Brasil 

19/12/2025

Fonte: clickpetroleoegas

A Petrobras avança na transição energética com o Diesel-R, um diesel coprocessado com 20% de conteúdo renovável que reduz emissões, mantém desempenho e reforça a estratégia de sustentabilidade no setor de combustíveis

A Petrobras anunciou um avanço estratégico no desenvolvimento do Diesel-R, um diesel coprocessado com 20% de conteúdo renovável que mantém as mesmas características do diesel fóssil tradicional, mas com impacto ambiental significativamente menor. Segundo matéria publicada pela CNN nesta quinta-feira (18), a iniciativa reforça o posicionamento da estatal na agenda de sustentabilidade, com foco direto na redução de emissões de poluentes e no avanço da transição energética no Brasil.

O que é o Diesel-R desenvolvido pela Petrobras?

Logo no anúncio, a companhia destacou um dos principais diferenciais do produto: o combustível é praticamente idêntico ao diesel S-10, inclusive em testes laboratoriais, o que permite uso imediato em veículos e equipamentos sem qualquer tipo de adaptação. Trata-se de uma solução pronta para uso, capaz de gerar impacto ambiental positivo sem comprometer desempenho ou logística.

Diesel-R é um combustível produzido pela Petrobras por meio do processo de coprocessamento, no qual óleos vegetais são integrados ao diesel mineral durante o refino. O resultado é um diesel coprocessado com propriedades físico-químicas semelhantes às do diesel fóssil, mas com menor pegada de carbono.

Atualmente, a estatal alcança cerca de 10% de insumos renováveis nesse tipo de combustível. No entanto, o plano estratégico prevê elevar esse patamar para 20% de conteúdo renovável nos próximos anos.

Essa evolução posiciona o Diesel-R como uma das principais apostas da Petrobras para reduzir emissões sem romper com a infraestrutura existente. Segundo a empresa,  o combustível é uma peça-chave dentro da estratégia de descarbonização baseada em soluções viáveis para o curto e médio prazo.

Diesel coprocessado e sustentabilidade na redução de emissões

A sustentabilidade é o eixo central do novo Diesel-R. De acordo com informações divulgadas pela Petrobras, a fração renovável do combustível, composta por óleo vegetal, pode gerar redução de até 87% nas emissões de gases poluentes quando comparada aos combustíveis fósseis convencionais.

Essa redução representa um impacto relevante para o Brasil e reforça o compromisso da Petrobras com a descarbonização, afirmou Magda Chambriard em entrevista à CNN Money.

Embora o percentual se refira especificamente à parte renovável do combustível, o efeito acumulado é significativo, especialmente em setores como transporte pesado, logística e indústria, onde alternativas de baixo carbono ainda são limitadas.

Como funciona o processo do diesel coprocessado da Petrobras

O processo industrial do diesel coprocessado envolve a mistura de diesel mineral com óleo vegetal, atualmente o óleo de soja, o mesmo utilizado para consumo doméstico. Essa matéria-prima é encaminhada à refinaria e passa por um processo de hidrotratamento, no qual o combustível reage com hidrogênio.

Durante essa etapa, impurezas e contaminantes são removidos, aumentando a estabilidade do produto final. O resultado é um combustível quimicamente estável, com menor formação de gomas e compostos prejudiciais aos motores.

Segundo técnicos da Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão (SP), o combustível resultante mantém o padrão S-10 e apresenta qualidade equivalente ao diesel fóssil, inclusive sob análises laboratoriais rigorosas.

Compatibilidade total com veículos e equipamentos

Um dos principais diferenciais do Diesel-R é sua compatibilidade total com a frota existente. Caminhões, ônibus, máquinas agrícolas, equipamentos industriais e veículos leves a diesel podem utilizar o combustível sem qualquer adaptação mecânica.

Isso reduz custos, elimina barreiras de adoção e permite que empresas avancem em suas metas ambientais de forma imediata. Na prática, o Diesel-R oferece redução de emissões sem exigir mudanças tecnológicas por parte do consumidor. Esse aspecto é considerado estratégico pela Petrobras, especialmente em um país com grande dependência do transporte rodoviário.

Volvo utiliza Diesel-R em operações no Brasil

Entre os clientes que já utilizam o Diesel-R está a Volvo, que adotou o combustível em sua planta industrial de Curitiba, no Paraná. A montadora utiliza o produto tanto no primeiro abastecimento de caminhões novos quanto em testes realizados dentro da fábrica.

De acordo com Alan Holzmann, diretor de estratégia e planejamento de produto caminhões da Volvo, a empresa utiliza esse combustível no abastecimento inicial de todos os caminhões produzidos e também em todos os testes realizados dentro da planta. A adoção reforça o perfil do produto, hoje direcionado principalmente a empresas que buscam reduzir sua pegada de carbono de forma voluntária e mensurável.

Do Diesel-R10 ao Diesel-R com 20% de conteúdo renovável

O novo combustível representa uma evolução direta do Diesel-R10, lançado anteriormente e utilizado durante a COP30, realizada em Belém. Na ocasião, o produto abasteceu os ônibus responsáveis pelo transporte dos participantes da conferência climática.

A experiência serviu como prova de conceito em escala real. Agora, a proposta da Petrobras é ampliar o teor renovável para 20% de conteúdo renovável, tornando o produto ainda mais alinhado às exigências ambientais globais e às metas corporativas de descarbonização.

Desafios técnicos e econômicos do diesel coprocessado

Apesar dos avanços, o aumento da proporção renovável traz desafios relevantes. O processo de hidrotratamento do diesel coprocessado exige maior volume de hidrogênio do que o diesel convencional, o que torna a reação mais complexa e instável.

Segundo Edson Bruel, gerente de empreendimentos da RPBC, o processo exige maior controle operacional, mas resulta em um combustível de alta qualidade e maior estabilidade.

Além disso, o projeto precisa ser economicamente viável. Atualmente, os preços do biodiesel e do diesel fóssil são muito próximos, o que reduz margens e pressiona a competitividade do produto renovável sem escala maior ou estímulos de mercado. Hoje, a linha Diesel-R, em diferentes concentrações, é comercializada apenas para grandes consumidores, sob demanda e sem produção contínua.

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