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Polo petroquímico de Suape vive incerteza operacional
26/04/2018
Fonte: Valor Econômico
A Alpek, do México, e a Indorama Ventures, da Tailândia, estão assumindo o controle das empresas do polo petroquímico de Suape, em Ipojuca (PE), com a missão viabilizar negócios deficitários e em reestruturação financeira. Os balanços da Petroquímica Suape e da Citepe, subsidiárias da Petrobras vendidas para a Alpek, e da M&G, adquirida pela Indorama, trazem em comum não apenas mais uma leva de prejuízos, mas o alerta dos auditores independentes sobre a incerteza da continuidade operacional dessas empresas.
Como subsidiárias integrais da Petrobras, a Petroquímica Suape (PQS) e a Citepe acumulam prejuízos de R$ 9,8 bilhões desde que foram criadas. No ano passado, a PQS, produtora de PTA, registrou uma perda de R$ 122 milhões, bastante inferior ao prejuízo de R$ 1,4 bilhão de 2016, quando precisou fazer ajustes contábeis referentes ao valor recuperável dos ativos (“impairment”).
Produtora de insumos da cadeia do poliéster, a Citepe também reduziu o prejuízo, de R$ 1,5 bilhão para R$ 205 milhões, na mesma comparação. Os números foram divulgados ontem.
Apesar da melhora no resultado final, as duas empresas ainda tiveram perdas operacionais: de R$ 115 milhões na Citepe e de R$ 280 mil na PQS. A receita da Petroquímica Suape ficou estável em R$ 1 bilhão e a da Citepe também praticamente não mudou, permanecendo em R$ 950 milhões.
Os auditores destacaram que há uma “incerteza relevante” em relação à continuidade operacional das empresas, que não tem gerado fluxo da caixa positivos. Um dos principais problemas da PQS é a alta ociosidade na fábrica. “Espera-se que novo controlador apresente um plano de negócios para a continuidade operacional da companhia”, afirmou a administração da PQS, ressaltando que os compradores receberão a empresa com as dívidas de longo prazo estruturadas.
No caso da Citepe, a administração apontou que o problema é a dificuldade de escoamento da produção, devido a não conclusão da unidade de fiação. No mercado de PET, a empresa enfrenta concorrência da M&G, há mais tempo estabelecida no mercado nacional, e não consegue alavancar as vendas. “A assunção dos negócios pela Alpek traz expectativa de ocupação maior das unidades, já que a nova controladora dispõe de alcance global dos produtos aqui fabricados, além de comprovada expertise em unidades similares em outros países”, afirmou a Citepe.
A transação de venda das duas empresas para a mexicana Alpek já foi aprovada, com restrições, pelo Cade. A mudança no controle deve ser concluída no final deste mês.
Em 2017, a Petroquímica Suape reverteu patrimônio líquido negativo em R$ 202 milhões para positivo em R$ 251 milhões. Na Citepe, o patrimônio subiu de R$ 305 milhões para R$ 612 milhões.
Os prejuízos no polo petroquímico de Suape não se restringem às subsidiárias da Petrobras, mas também a sua concorrente (no mercado de PET) e cliente (de PTA) M&G Polímeros, que passou para o controle da Indorama Ventures Company, da Tailândia.
O balanço da companhia, divulgado ontem, do ano passado revela os impactos negativos da recuperação judicial enfrentada por sua controladora nos Estados Unidos e na Itália. A empresa teve prejuízo líquido de R$ 568 milhões no ano passado, contra lucro de R$ 47 milhões em 2016, apesar de uma alta de 6,2% na receita, que alcançou R$ 1,7 bilhão.
O prejuízo ocorreu devido ao registro de uma provisão para valor recuperável de R$ 382 milhões e de uma outra para créditos de liquidação duvidosa de R$ 177,6 milhões. A empresa ressaltou que para reestabelecer o equilíbrio financeiro, assinou acordo de “stand still” (para adiar pagamentos) com instituições financeiras.
Os auditores ressaltaram que há uma incerteza em relação a continuidade operacional da empresa, apontando que o passivo de curto prazo da companhia excede em R$ 392 milhões seus ativos de curto prazo. Ao fim de dezembro, o retrato patrimonial da M&G era o seguinte: se vendesse todos os seus ativos, ainda sobraria um passivo de R$ 72 milhões.