Globalmente, a francesa produz cerca de 3 milhões de barris de óleo equivalente (BOE) diários de óleo e gás, com faturamento anual na casa de US$ 176 bilhões (quase R$ 800 bilhões). No Brasil, onde completa 45 anos de atividades este ano, a empresa já investiu US$ 7 bilhões e possui 3 mil funcionários.
No cardápio da Total no país estão os expressivos campos de Mero (ex-Libra) e Iara, no pré-sal da Bacia de Santos, e o promissor bloco C-M-541, na Bacia de Campos, adquirido na 16ª Rodada de Licitações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em outubro de 2019. Mas Breuillac não esconde o entusiasmo com o campo de Lapa, também no pré-sal da Bacia de Santos.
“Ele [Lapa] é muito simbólico porque é o primeiro campo operado por uma IOC [sigla em inglês para petroleira internacional] em produção no pré-sal”, disse. “Sermos operadores é importante porque nós realmente acreditamos que podemos gerar valor, podemos contribuir ainda mais em nossa parceira com a Petrobras.”
A Total possui 35% de Lapa, em parceria com a estatal brasileira (10%), Shell (30%) e Repsol (25%).
Breuillac conta que os investimentos previstos em E&P no país podem aumentar, caso a empresa seja bem-sucedida nas atividades exploratórias. Entre os projetos de exploração, uma das maiores apostas da companhia é o C-M-541, onde a petroleira prevê perfurar dois poços, sendo um no fim do ano e outro no início de 2021.
A Total é a operadora no C-M-541, com 40% de participação, junto com a Qatar Petroleum (40%) e a Petronas (20%), da Malásia. “Estamos muito esperançosos”, disse.
Com relação aos blocos na Foz do Amazonas, na Margem Equatorial, onde a petroleira teve a licença ambiental para perfuração negada pelo Ibama, o executivo contou que a empresa está analisando o projeto com os sócios, para tomar uma decisão no futuro. “Temos que nos certificar de tomarmos a melhor decisão sobre esse projeto”. A Total tem 40%, junto com Petrobras (30%) e BP (30%) em cinco áreas na Foz do Amazonas.
O portfólio atual não diminui o interesse da Total por novos leilões no Brasil. Segundo Breuillac, a empresa continuará estudando oportunidades. “Acreditamos que o Brasil continuará tendo significativo potencial de novos recursos de alta qualidade”.
Questionado sobre as mudanças em discussão no governo sobre o modelo de partilha de produção, ele afirmou que a empresa acompanha o processo. “Vamos esperar para ver. Se for atrativo, estaremos interessados”.
Outra área que atrai a atenção da gigante francesa é o mercado de gás natural brasileiro, que está passando por uma reforma. “Vemos o gás, em escala global, como um componente muito importante no mix energético, no contexto da transição energética”, disse. “Estamos buscando oportunidades de negócios rentáveis com a abertura do mercado de gás no Brasil”.
A Total também estendeu sua atuação no Brasil para a área de distribuição de combustíveis, ao adquirir em 2018 a Zema Petróleo, dona de uma rede de cerca de 300 postos, principalmente em Minas Gerais. “Para a Total, o Brasil é estratégico não apenas em E&P, mas também porque nós vemos o Brasil como uma economia crescente, com grande população, com grande mercado”, afirmou o executivo.
Sobre o processo de transição energética, Breuillac contou que não há um “senso de urgência” para explorar os recursos petrolíferos, e sim um foco maior na qualidade dos recursos e na disciplina com relação aos investimentos. “Não controlamos o preço do petróleo, mas controlamos a nossa base de custo”, afirmou.
De acordo com o executivo, o custo médio de operação da empresa na produção de óleo e gás é de US$ 5,4 por BOE – o mais baixo entre as gigantes petrolíferas internacionais. E a meta é chegar a US$ 5 por BOE em 2021.