Caminhões elétricos começam a ocupar ruas e estradas do País. Empresas de todos os portes têm aderido ao chamado “veículo verde”. Segundo informações da Associação Brasileira de Veículo Elétricos (ABVE), a Ambev fechou a compra de mais de mil unidades e pretende ter 5,3 mil em 2035. O objetivo é reduzir a emissão de gases poluentes na atmosfera e tornar a mobilidade mais eficiente. A Emtel, grupo mineiro especializado em logística, transporte de cargas e locação de frotas, vai colocar seu primeiro caminhão elétrico para rodar em setembro.
“Enquanto isso estamos equipando a empresa com sistema de carregamento de energia elétrica. A ideia é que o veículo circule inicialmente na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em razão da ausência ainda de redes de abastecimentos em todo o País”, diz a engenheira ambiental da Emtel, Ana Paula Miranda Pereira, coordenadora das ações de sustentabilidade do grupo.
Para o diretor comercial e operações do grupo, Luciano Miranda Chagas, a adesão aos chamados “veículos verdes” é um caminho sem volta. “A tendência é que, assim como outras tecnologias, os carros elétricos se tornem cada vez mais acessíveis à população. Nossa expectativa é de que a médio e longo prazos nossa frota seja acrescida por mais veículos deste tipo”, prevê. Dados da Agência Internacional de Energia mostram que existem 31 mil caminhões elétricos no mundo.
Pesquisa da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (Abve) revela que o mercado nacional de carros elétricos e híbridos deve crescer de 300% a 500% nos próximos cinco anos. Hoje, a frota é de 16 mil no Brasil. A projeção mundial é mais otimista. Relatório da Bloomberg New Energy Finance (BNEF) estima que 56 milhões de veículos elétricos circularão até 2040. Atualmente, são 2 milhões de carros desse tipo nas ruas de todo o mundo.
Fundador e CEO do Grupo Emtel, Paulo Cesar Miranda afirma que a preocupação em evitar a poluição ambiental é grande na empresa. A maioria da frota dos caminhões é a diesel S10, além de ser usado o produto Arla nos filtros para inibir a emissão de poluentes. Outro cuidado é não trabalhar com frotas antigas, que consumem mais combustível. A engenheira ambiental Ana Paula Miranda lembra que a empresa conta ainda com sistema de telemetria para monitorar a direção dos motoristas, a fim de reduzir custos com combustíveis e emissão de CO². “A ideia da Emtel é crescer sempre de forma sustentável. Essas ações não só colaboram para a preservação do planeta como resultam no recebimento de certificações ambientais que nos possibilitam crescimento nos negócios”, diz.
Atualmente, a empresa cumpre as metas em relação à ESG sigla em inglês para environmental, social and governance, que em português significa ambiental, social e governança -, que medem as práticas ambientais, sociais e de governança de uma corporação. A ESG pode ser usada para mostrar o quanto a empresa busca formas de minimizar impactos ambientais e construir um mundo mais justo e responsável para a população, além de ser utilizada como critério para investimentos. Em vez de analisar apenas índices financeiros, por exemplo, investidores observam fatores ambientais, sociais e de governança de uma companhia.
Uma das metas da Emtel é se tornar uma B-Corporation, empresa cujo modelo de negócio é focado no desenvolvimento social e ambiental. Várias ações têm sido desenvolvidas pela Emtel a fim de se tornar uma B-Corporation, cuja certificação é concedida pelo B Lab – uma organização norte-americana sem fins lucrativos, que no Brasil é representada pelo Sistema B, com sede em São Paulo.
Uma das políticas da Emtel é estimular os funcionários a incorporar hábitos “ecologicamente corretos”. Redução de água, energia e combustível são os pilares ambientais no dia a dia de trabalho. A empresa instalou coletores em suas unidades para os colaboradores descartarem óleo de cozinha, um dos principais poluidores das águas. O material é recolhido por uma empresa licenciada e o óleo, transformado em biodiesel e sabão.
Outro projeto envolve o reaproveitamento de sobras de madeiras na empresa. Em vez de ir para o lixo, o material é doado a funcionários que se comprometerem a reutilizá-lo. “Muitos constroem jardim vertical e casinhas para cães em suas residências”, explica Ana Paula Miranda. A Emtel trocou também a utilização de copos de plásticos descartáveis entre os funcionários pelos copos de material ecológico.
Reflorestamento – A preocupação com a preservação ambiental acompanha o CEO do Grupo Emtel, Paulo Cesar Miranda, além das fronteiras da empresa que comanda. Em outubro deste ano, ele vai iniciar o plantio de 110 mil mudas de árvores nativas no município de Cana Verde, Campo das Vertentes, em uma extensão de terra desmatada que, ao longo de décadas, foi usada para a exploração da agropecuária.
Outro plantio foi feito pelo empresário em um terreno na Represa do Funil, em Lavras, na Zona da Mata mineira, onde a água começou a brotar com mais força nas nascentes e ter mais volume nas cachoeiras com a presença das árvores. “Foi aí que tive a ideia de reflorestar a área em Cana Verde, onde o Lago de Furnas é castigado com a seca. Há 15 anos, comecei a cultivar lá mogno e cedro para comercialização, mas mudei totalmente. Abortei esta ideia comercial. Quero reflorestar a região e devolver ao planeta a parte possível do verde destruído com a exploração da pecuária. O manejo começa em agosto e em outubro, o plantio. Em 5 anos teremos uma floresta verdadeira”, prevê o empresário, que diz enxergar o compromisso com a preservação ambiental não como uma obrigação para obter selos e atender as exigências de órgãos ambientais, mas sim como um dever de cada cidadão.
Com 500 funcionários, o grupo Emtel mantém matriz em Belo Horizonte, com sedes no Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador. O grupo atua também em Contagem, onde é responsável pelas operações de logística da Cemig. Em Fortaleza (CE) a Emtel cuida da logística de armazenagem de uma empresa do setor elétrico.