Notícias
EUA favorecem carro elétrico com novo limite de emissões
13/04/2023
Fonte: Valor Econômico
O governo Joe Biden propõe restringir a poluição veicular com limites de emissão tão rígidos que efetivamente obrigará as montadoras a garantir que dois em cada três carros e caminhões leves vendidos nos EUA em 2032 sejam modelos elétricos (VEs).
Os novos padrões delineados nesta quarta-feira (12) pela Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) estão entre os mais rígidos do mundo e impulsionarão as vendas de VEs muito além das previsões.
“As ações de hoje vão acelerar nossa transição para um futuro de veículos limpos, enfrentar a crise climática de frente e melhorar a qualidade do ar para as comunidades em todo o país”, disse o diretor da EPA, Michael Regan.
Ainda assim, há dúvidas sobre a capacidade dos fabricantes de automóveis de cumprir os limites de poluição por dióxido de carbono, fuligem e formação de poluição atmosférica para toda a frota. A Alliance for Automotive Innovation alertou que fatores fora do controle direto da indústria — incluindo a construção de redes elétricas nos EUA, estações de carregamento e fabricação de baterias — desempenharão um papel descomunal em ditar o ritmo da penetração de VE.
“O plano de emissões da EPA é agressivo em qualquer medida”, disse John Bozzella, diretor da Alliance. “Muito coisa tem que dar certo para que essa mudança massiva — e sem precedentes — em nosso mercado automotivo e base industrial seja bem-sucedida.”
Segundo a proposta, as emissões de dióxido de carbono por frotas de automóveis e caminhonetes será limitada a 82 gramas por milha (1,6 km) no ano-modelo de 2032, o que representa uma redução de 56% em relação aos padrões previstos para o ano-modelo de 2026. Se cumpridos esses parâmetros, cerca de 7,3 bilhões de toneladas de emissões de CO2 seriam evitadas até 2055, o que, diz a EPA, equivaleria a eliminar as emissões de gases-estufa do setor de transportes dos EUA por quatro anos.
Regan destacou que os padrões baseados em desempenho oferecem às montadoras opções para cumprir e não “excluem nenhuma tecnologia específica do mercado”. Mas os veículos elétricos — que não emitem poluentes pelo escapamento — são vistos como a principal opção para a indústria automobilística cumprir as exigências. Para os críticos, trata-se de um plano direcionado a VEs que limita a escolha do consumidor.
O plano da EPA efetivamente “vai proibir veículos a gasolina e diesel”, afirmou Chet Thompson, presidente da Associação de Fabricantes de Combustíveis e Petroquímicos dos EUA.
Isso exigirá um aumento maciço na penetração de VEs, da participação de mercado de menos de 10% hoje nos EUA — superando as previsões de muitos analistas independentes. A BloombergNEF, por exemplo, previu penetração de VE nos EUA de 52% até o fim desta década, bem abaixo dos 67% previstos na proposta da EPA.
O assessor nacional de clima da Casa Branca, Ali Zaidi, disse que os padrões propostos são reforçados pelo aumento dos gastos do governo federal em postos de recarga e pelos incentivos fiscais para a compra de VEs bem como pelos planos das fábricas de vender mais modelos de emissões zero.
Para Zaidi, as previsões dos analistas simplesmente não acompanham os investimentos maciços desencadeados pela Lei de Redução da Inflação e outras leis federais, que estão mudando rapidamente o cenário do que é possível. “As pessoas subestimam a capacidade dos trabalhadores e da indústria americana em criar produtos que nos ajudarão a liderar o mundo em direção a uma economia de energia limpa.”
A projeção da EPA vê benefícios de até US$ 1,6 trilhão até 2055, ligados à redução de mortes prematuras, doenças cardiovasculares, asma, enfartes e males pulmonares causados pela poluição e evitados pelas exigências. A medida reduzirá a demanda de petróleo em 17 bilhões de barris até 2055.
O plano atraiu críticas de alguns aliados da indústria do petróleo e republicanos no Congresso americano, que afirmam que os novos padrões vão aumentar a dependência dos EUA da China para minerais críticos usados em VEs.