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Príncipe saudita promete investimentos no Brasil
11/09/2023
O príncipe herdeiro e primeiro-ministro da Arábia Saudita, Mohammad bin Salman, manifestou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o interesse em investir no Brasil em energia limpa, mineração, turismo, defesa petróleo e gás. O Brasil está na rota do “greenwashing” dos sauditas em função de sua reputação ambiental. Os dois se encontraram por 20 min
minutos no hotel Taj Palace, em que Lula ficou hospedado em Nova Déli. Durante a reunião acertaram-se para que uma comitiva de empresários sauditas venha ao Brasil para conhecer os projetos do Novo PAC.
Lula e MbS encontraram-se pela primeira vez depois de dois cancelamentos. O primeiro, do presidente brasileiro, em junho, durante a cúpula de
financiamento do desenvolvimento sustentável. E o segundo, no sábado, por iniciativa do saudita, que, na mesma tarde, encontrou-se com o presidente americano, Joe Biden.
O governo brasileiro informa que o príncipe não presenteou Lula. As joias com as quais MbS presenteou o ex-presidente Jair Bolsonaro levaram à abertura de inquérito no Brasil por
por não terem sido incorporadas ao arquivo público, como determina a legislação.
Lula sempre enfrentou pressão para não encontrar o príncipe, cujo histórico de violações aos direitos humanos inclui o assassinato do jornalista Kamal Khashoggi, morto e esquartejado, segundo relatório da CIA, com a aprovação do primeiro-ministro saudita, alvo das
críticas do jornalista.
Depois da reunião com MbS, Lula foi ao encontro de Narendra Modi, primeiro-ministro indiano. Foi a única das bilaterais a gerar um comunicado conjunto. Neste comunicado, os dois países celebraram a colaboração na aliança de biocombustíveis e a cooperação na área de segurança alimentar. India e China também afirmaram
também afirmaram interesse em parceria futura na área de Defesa. Esta parceria passa pelo desenvolvimento comum da manutenção de submarinos. Neste comunicado conjunto ambos os países reiteram o apoio à reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
A mais longa das bilaterais de Lula, porém, se deu com o presidente francês, Emmanuel Macron. Nesta reunião, segundo relatos da diplomacia brasileira, o presidente brasileiro havia dito que o termo adicional (“side letter”) do acordo Mercosul-União Europeia seria “inadmissível” por impor sanções pelo não cumprimento de metas ambientais, penalidade não prevista pelo acordo de Paris.
Macron, de acordo com os mesmos relatos, teria tocado a bola de lado, atribuindo as dificuldades à Comissão Europeia, cuja presidente, Ursula Von Der Leyen, também encontrou-se com o presidente brasileiro. A contundência de Lula não reflete a solidez do Mercosul nesta negociação. O candidato que lidera a disputa argentina, Javier Milei, tem sido titubeante em relação a assumir compromissos com o acordo. “A indefinição da Argentina nos preocupa mas o desejo do país de ter acesso aos mercados europeus é grande”, comentou o assessor especial da Presidência, Celso Amorim. Na percepção do ex-chanceler, a tendência da Argentina é pressionar para baixar as as tarifas agrícolas. Amorim diz que o acordo só vai avançar se Macron assumir a liderança e tirar os negociadores de temas comerciais da frente. “Eles acabam convencidos pelos lobbies que representam”, disse, “isso aconteceu em relação às compras governamentais em 2004 quando o acordo quase foi fechado”.
No encontro com Macron, Lula também foi consultado sobre seu ingresso na Organização do Tratado de Cooperação Amazônica mas não teria dito nem que sim, nem que não. O presidente francês demonstrou interesse em visitar o Brasil no primeiro semestre de 2024, o que poderá levá-lo ao país duas vezes no mesmo ano, visto que, em novembro, o Brasil
sediará a cúpula do G20.
Lula ainda se encontrou com o primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, e com o presidente turco, Recep Erdogan. Quando o G20 foi criado, em 2008, Lula e Erdogan foram os únicos, da atual composição do bloco, a estar presentes. Não tinham voltado a se reunir desde que ambos tentaram mediar um acordo com o Irã.