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Vibra Energia antecipa aquisição total da Comerc Energia, por R$ 3,52 bi
21/08/2024
Foto Ilustrativa criada por IA
A Vibra Energia fechou um acordo, nesta quarta-feira (21), para antecipar o direito de compra da participação restante de 50% na sua controlada Comerc Energia, comercializadora que teve 50% de participação adquiridos pela Vibra em 2022.
A nova operação foi realizada em conjunto com a Perfin Infra e outros acionistas da Comerc, no valor de R$ 3,52 bilhões. A aquisição da totalidade das ações estava prevista para ocorrer entre 2026 e 2028, mas foi antecipada pela Vibra devido às “ boas oportunidades de retorno financeiro imediato”.
“Nossa decisão é motivada pelo importante retorno financeiro, que virá de sinergias significativas entre as duas empresas e pelo baixo risco do negócio já totalmente operacional. A Comerc vem apresentando bons resultados, com os principais projetos de geração concluídos e gerando um Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização] anualizado de R$ 1 bilhão em 2024”, afirma o diretor-presidente da Vibra, Ernesto Pousada.
Segundo ele, que participou de teleconferência com analistas, a aquisição está “extremamente alinhada” à estratégia para geração renovável e trará retorno aos acionistas, com disciplina na alocação de capital.
A aquisição, segundo a Vibra, oferece retornos elevados, com sinergias imediatas de R$ 1,4 bilhão a valor presente, a ser capturado ao longo dos próximos anos, com otimização da estrutura fiscal e redução de custo de dívida, entre outros.
A Vibra ainda projeta um Ebitda proporcional à participação da Comerc de R$ 1 bilhão para 2024 e de R$ 1,3 bilhão para 2025 — com baixo impacto na alavancagem, afirmou Augusto Ribeiro, diretor financeiro e de relações com investidores da companhia. Segundo ele, a negociação retira “riscos remanescentes” para a Vibra Energia.
Nessa linha, Ernesto Pousada destacou que os acionistas da Comerc Energia, entre os quais a gestora de investimentos Perfin, detinham uma opção de venda (“put”) que poderia ser exercida entre 2026 e 2028.
Como a Vibra Energia tem “ambição” de crescer por meio de novos investimentos, inclusive na atividade-chave, que é a distribuição de combustíveis e lubrificantes, um eventual exercício de “put” poderia limitar os planos da empresa.
Em 1º de julho, a Comerc foi avaliada em R$ 7,05 bilhões. Já em 2021, na aquisição inicial, foi avaliada em cerca de R$ 6,8 bilhões, valor que — corrigido pelo CDI até a presente data — equivaleria a cerca de R$ 9,24 bilhões.
A operação será 100% custeada pelo caixa da Vibra, que realizou novas avaliações (“due diligence”) para assegurar a transação.
A conclusão da operação depende das aprovações habituais para este tipo de transação, e espera-se que a sua finalização ocorra no primeiro trimestre de 2025.
Segundo a vice-presidente de renováveis e ESG da Vibra, Clarissa Saddock, o mercado de comercialização varejista de energia elétrica é uma oportunidade de crescimento para a Comerc Energia.
Para Clarissa, a mudança na regulamentação que permite a migração de consumidores conectados em qualquer tensão ao mercado livre — aquele em que é possível a escolha do fornecedor e das condições contratuais — tem viabilizado um alto número de negócios, o que abre novas fronteiras de crescimento para a companhia.
Para atender consumidores com demanda de até 0,5 megawatt (MW), as comercializadoras têm que criar braços varejistas, para representar tais clientes perante à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Além disso, explicou a executiva na teleconferência com analistas sobre a antecipação da compra de 50% remanescentes da Comerc, novas demandas, como a chegada de novos “data centers”, também criam espaço para a comercializadora firmar novos contratos.
Há ainda oportunidades em eficiência energética e no segmento de armazenamento de energia por meio de baterias, especialmente para o agronegócio.
Saddock contou que a Comerc Energia tem uma dívida de R$ 7 bilhões, sendo R$ 2,6 bilhões que podem ser refinanciadas no curto prazo. A repactuação desse passivo de R$ 2,6 bilhões será o foco da Vibra, já que possui custo que corresponde ao CDI mais “spread” (diferença) de 3,2%.
Dividendos
O presidente da Vibra Energia disse que a companhia manterá a política de dividendos de remunerar os acionistas com 40% do lucro líquido, mesmo com a aquisição dos 50% de participação remanescente na Comerc Energia.
Segundo o executivo, a previsão para este ano é que os dividendos sejam pagos independentemente da Comerc, a partir do resultado da Vibra.
Para 2025, acrescentou o diretor financeiro e de relações com investidores da Vibra, Augusto Ribeiro, a expectativa é que os dividendos reflitam a captura dos benefícios gerados pelas sinergias que o negócio proporcionará à companhia.
Ribeiro destacou que a empresa avalia que o atual nível de alavancagem, medido pela razão entre a dívida líquida e o Ebitda, entre 1,5 vez e duas vezes, está adequado. “Mas não tem problema subir um pouco”, acrescentou.
Isso porque, explicou, o Ebitda que será gerado no curto prazo dá segurança na decisão de antecipar a compra.
