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Produção de etanol pode ter volume inédito

18/11/2024

Fonte: Valor Econômico

A produção de etanol no Brasil cresceu 15,6% de 2022 para 2023, passando de 30,7 para 35,5 bilhões de litros. Em 2024, até setembro, o volume já atinge 28,87 bilhões, projetando um possível recorde. No biodiesel, o aumento foi de 20,5%, subindo de 6,25 para 7,53 bilhões de litros, com 6,73 bilhões já produzidos até setembro, superando o total de 2022. Os dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP) reforçam o avanço dos biocombustíveis no Brasil, impulsionado pela demanda crescente e pela Lei do Combustível do Futuro, que consolida o país entre líderes globais em energias renováveis.

Baseado em cenários para 2037, quando todas as regulamentações estarão vigentes, o Itaú BBA projeta um aumento de 84% na produção de etanol (cana-de-açúcar e milho), chegando a 59 bilhões de litros, e de 130% na produção de biodiesel, atingindo 23 bilhões de litros. O estudo considera um crescimento anual de 2,5% no consumo de diesel e no ciclo Otto (gasolina e etanol).

A produção de etanol de milho deve atingir 8,7 bilhões de litros na safra 2025/26, gerando 5,9 milhões de toneladas de DDGS (grãos secos de destilaria). Segundo Lucas Brunetti, consultor de agro do banco, a demanda exigirá 39 milhões de toneladas de milho, ou 33% da produção atual, ocupando seis milhões de hectares. O aumento do biodiesel demandará 45 milhões de toneladas de soja, ocupando 12 milhões de hectares adicionais.

Com a nova legislação, o governo prevê R$ 260 bilhões em investimentos e a redução de 705 milhões de toneladas de CO2 até 2037. Para atingir essa meta, a mistura de etanol na gasolina será de, no mínimo, 22%, podendo chegar a 35%, enquanto o biodiesel, hoje com 14% no diesel, aumentará gradualmente até 20% em 2030. “A nova legislação estabiliza o setor, cria um ambiente favorável para investimentos em biocombustíveis e assegura o crescimento contínuo da demanda, evitando ciclos de retração que já ocorreram no passado”, afirma Brunetti.

Luciano Rodrigues, diretor de inteligência setorial da Unica, diz que a lei fortalece o uso de etanol na mobilidade leve e traz uma inovação: a neutralidade tecnológica, na qual os veículos são avaliados pela emissão de CO2 por quilômetro rodado, independentemente do tipo de combustível ou tecnologia. “Esse conceito incentiva tecnologias mais limpas e sustentáveis até 2032, quando as metas incluirão emissões também da fabricação dos veículos”, diz.

Atualmente, há 22 projetos de etanol de milho no Brasil, com potencial para adicionar seis bilhões de litros à capacidade existente. Contudo, apenas seis unidades devem operar até 2026. “Os principais desafios para a expansão incluem a volatilidade de preços das matérias-primas e a necessidade de um ambiente de longo prazo mais seguro”, explica Brunetti.

Com investimento de R$ 1,6 bilhão, sendo R$ 500 milhões financiados pelo BNDES via Fundo Clima, a Coamo Agroindustrial está construindo uma planta de etanol de milho em Campo Mourão (PR). A fábrica terá capacidade de 1.700 toneladas diárias de milho, produzindo 270 milhões de litros de etanol e 500 toneladas de DDGS por dia. Segundo Airton Galinari, presidente da Coamo, a planta será adaptável para processar trigo, sobretudo em anos de chuvas intensas, aproveitando o trigo de menor valor comercial para etanol.

Localizada em Maringá (PR), a Cocamar Cooperativa Agroindustrial investiu cerca de R$ 500 milhões em uma planta de biodiesel a partir da soja, já em funcionamento. Com a capacidade de esmagar um milhão de toneladas de soja por ano, a cooperativa produz 80 milhões de litros de biodiesel anuais, além de subprodutos como DDGS e óleo bruto de soja.

O Minaspetro divulga notícias de outros veículos como mera prestação de serviço. Esses conteúdos não refletem necessariamente o posicionamento do Sindicato.