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O fim da Raízen? Cosan já admite possibilidade de diluição da empresa e venda de usinas, diz jornal
06/03/2025
Cosan admite possível diluição na Raízen e avalia venda de usinas e ativos em meio à crise e alta dos juros. O grupo, liderado por Rubens Ometto, enfrenta desafios financeiros e busca alternativas para manter seus investimentos. A decisão pode impactar o setor de biocombustíveis e energias renováveis.
O mercado de bioenergia no Brasil pode passar por mudanças significativas nos próximos meses, segundo reportagem do portal Globo Rural.
Um dos maiores grupos do setor, a Cosan, está reconsiderando sua estratégia e pode tomar decisões que afetarão diretamente a Raízen, joint venture formada com a Shell.
A necessidade de ajustes financeiros em meio à alta dos juros e a pressão por redução de dívidas levou a companhia a admitir que está aberta à diluição de sua participação e à venda de ativos.
Segundo o site, a própria Cosan admitiu que a possibilidade de desinvestimentos na Raízen já está em discussão interna, incluindo a venda parcial ou integral de usinas e negócios no setor de energia renovável.
Durante uma teleconferência com investidores, a diretoria da holding negou a possibilidade de um novo aporte de capital na empresa, reforçando que sua prioridade é reduzir sua alavancagem financeira.
Pressão dos juros e reestruturação
O empresário Rubens Ometto, presidente da Cosan, destacou em um evento do BTG Pactual que os juros elevados vêm dificultando investimentos no setor.
Segundo ele, a empresa tem destinado cerca de R$ 9 bilhões para projetos de etanol de segunda geração (E2G), mas tem encontrado dificuldades para organizar esses investimentos.
“Os juros altos estão atrapalhando um pouco os investimentos da Raízen”, afirmou Ometto, destacando que a situação financeira da empresa exige alternativas para manter o crescimento sem comprometer a saúde econômica do grupo.
Possível fatiamento da raízen
O diretor financeiro da Cosan, Rodrigo Araújo, revelou que a empresa está avaliando a venda de parte ou da totalidade de algumas unidades da Raízen, especialmente no setor de energia renovável e etanol. Essa decisão dependeria da aprovação da Shell, sua sócia no empreendimento.
“Nós avaliamos a entrada de parceiros em alguns dos negócios da companhia. Não tem nada específico, mas é uma das coisas que está em consideração”, afirmou Araújo.
A possibilidade de fatiamento da empresa levanta questionamentos sobre a estratégia da Cosan para manter sua posição de mercado sem comprometer seu fluxo de caixa.
Venda de terras já está em andamento
Enquanto avalia o futuro da Raízen, a Cosan já começou a vender parte de seus ativos.
A Radar, empresa do grupo especializada em terras agrícolas, intensificou suas operações de venda de propriedades em 2024, um movimento que deve continuar ao longo deste ano.
“Em 2024 e neste ano, não será diferente. Temos aumentado o volume de desinvestimentos na Radar”, disse Araújo.
No ano passado, a empresa vendeu nove fazendas, movimentando centenas de milhões de reais. Apesar disso, os ativos da Radar continuam a se valorizar, já que o preço das terras agrícolas no Brasil segue em alta.
Atualmente, o portfólio da Radar é avaliado em R$ 17 bilhões, sendo R$ 5,3 bilhões pertencentes à Cosan. A expectativa é que novas vendas sejam anunciadas nos próximos meses.
Futuro da cosan e impactos no setor
Para especialista, a estratégia de desinvestimentos da Cosan pode redefinir o mercado de biocombustíveis e energia renovável no Brasil.
Com a possibilidade de venda de usinas e diluição de sua participação na Raízen, o setor observa atentamente os próximos passos da companhia.
A decisão também impacta a Shell, que precisará avaliar se concorda com eventuais mudanças no controle da joint venture.
Com os juros ainda elevados e um ambiente econômico desafiador, o futuro da Raízen permanece incerto, mas as movimentações da Cosan indicam que grandes transformações estão a caminho.
