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Contaminação de bebidas pode ter vindo de postos de combustível , diz ANP

09/10/2025

Fonte: Valor econômico

Etanol adulterado com metanol vendido clandestinamente em postos de combustíveis pode ter contaminado bebidas destiladas em alguns Estados. A avaliação é da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Segundo Pietro Mendes, um dos quatro diretores técnicos da agência e responsável pela execução da fiscalização do abastecimento, parte dos grupos criminosos estaria adulterando bebidas usando etanol adquirido de postos de combustíveis.

“Existe uma possibilidade de que parte dos adulteradores de bebidas não soubesse que havia metanol [misturado ao etanol no posto]”, disse ele ao Valor nesta quarta-feira (8).

O preço do etanol na bomba seria mais vantajoso para adulteradores do que o de lotes de álcool hidratado ou álcool etílico vendidos como insumo para a indústria.

“O adulterador que já comprava o etanol nos postos para adulterar a bebida pode agora ter comprado sem saber que havia metanol [na bomba de etanol] e botado na bebida.”

Para ele, parece mais provável que adulteradores de bebidas tenham sido fraudados por adulteradores de combustíveis. E não que, deliberadamente, tenham adicionado o letal metanol nas garrafas. “Não me parece fazer tanto sentido que esses criminosos saibam que estão usando metanol”, disse ele.

Mas, com as investigações ainda em curso e muitas perguntas em aberto, Mendes diz que parte do metanol pode ter sido agregada a bebidas por criminosos que desconheciam os reais riscos.

O uso ilegal de metanol na cadeia de combustíveis não é novidade. “O que é uma prática bastante comum é comprarem esse metanol e usarem na adulteração de combustíveis. A agência já há alguns anos tem trabalhado para coibir essa prática”, disse Mendes.

Como o custo do metanol é, de modo geral, a metade do custo do etanol, a lógica dos criminosos é ampliar seus ganhos diluindo gasolina e etanol no insumo barato.

A ANP apoiou a Polícia Federal, Receita Federal, Ministério Público de São Paulo, Polícia Civil do Estado que atuaram em três operações simultâneas realizadas em setembro contra um grande esquema de fraudes na cadeia de combustíveis. Integrantes do PCC também estavam envolvidos nas irregularidades. As operações identificaram, entre outros ilícitos, a importação de metanol para adulteração de combustíveis.

Pietro Mendes não quis comentar a possibilidade de ligação entre o metanol negociado pelo crime organizado e o metanol presente nas bebidas.

Perguntada se a Polícia Civil investiga a possibilidade de que o metanol encontrado em garrafas de bebidas destiladas adulteradas possa ter vindo de postos de combustível, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo disse que a Polícia Científica trabalha 24h nas perícias das amostras de metanol apreendidas, assim como na análise de rótulos e lacres das garrafas. “Pode-se afirmar, até o momento, e de acordo com as concentrações encontradas em dois lotes, que o metanol foi adicionado, não sendo, portanto, produto de destilação natural.” As investigações, segundo a secretaria, prosseguem para a elucidação dos fatos.

 

O Minaspetro divulga notícias de outros veículos como mera prestação de serviço. Esses conteúdos não refletem necessariamente o posicionamento do Sindicato.
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