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A chave da cadeia: roubos de carga não podem cair no esquecimento
18/03/2025
Embora tenha caído na vala comum da criminalidade e assim já não mereça tanto destaque no noticiário policial, o roubo de cargas prossegue em crescimento, ao que tudo faz crer, abraçado como uma das ramificações do crime organizado. Em 2024, conforme levantamentos agora divulgados, a atividade teve como epicentro São Paulo, palco de 45% das ocorrências com registro policial, seguindo-se o Rio de Janeiro, com 25%, e Minas Gerais com outros 13%. No caso do Estado, aumento de 0,8% na comparação com os números do ano anterior, tendo a BR-381 como principal palco das ocorrências, representando, em valor, 32,2% do total, conforme já publicado neste jornal. E mais um detalhe que chama a atenção: em 2025, as ocorrências em centros urbanos corresponderam a 13% do total, ou três vezes mais que no ano anterior.
Não deixa de ser preocupante o encontro, evidentemente indesejado, dos noticiários policiais e de economia e negócios. Preocupante porque significa insegurança, preocupante porque o roubo de cargas acaba sendo mais um item na cesta do custo Brasil. Pior, sem evidências de que o problema esteja sendo enfrentado de frente. Não será por mera coincidência que o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística tenha declarado que a impunidade acaba sendo também principal fator de incremento do roubo de cargas.
Seguindo nesta direção e esperando ações mais determinadas, de resultados, cabe pontuar que alguns estudiosos da questão entendem que só será possível ferir de morte as quadrilhas especializadas com ações de inteligência. Não no varejo das ocorrências e, sim, buscando identificar os receptadores que cumprem a função crucial de revender e entregar o produto desse tipo de delinquência. Sem eles, pelo menos as proporções destes crimes seriam rápida e drasticamente reduzidas. Existem pistas a serem seguidas, existem, inclusive, evidências de que mercadorias como eletrônicos ou alimentos estejam chegando ao consumidor final pelos balcões do comércio com algum grau de formalidade. Em passado não muito distante, ações do próprio Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística de Minas Gerais apontaram claramente nesta direção.
O que definitivamente não se pode aceitar é que tudo caia no esquecimento, na rotina de uma realidade que, mesmo um tanto incômoda, de alguma forma parece ter sido absorvida, normatizada, pela sociedade brasileira. Para dar razão aos transportadores, que apontam justamente a impunidade como o principal adubo dessas atividades criminosas.
