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Análise: Com saída da Oxxo, Raízen mostra que simplificação dos negócios é ‘para valer’
05/09/2025
O encerramento da joint venture entre Raízen e Femsa Comercio, no grupo Nós, cujo guarda-chuva abriga entre outros ativos a rede Oxxo, não é surpreendente. Pelo contrário: é mais uma demonstração de que o foco da companhia está sendo ajustado para ativos rentáveis e considerados essenciais.
A mensagem é que a simplificação dos negócios — ou “otimização de portfólio” — da distribuidora de combustíveis e produtora de açúcar e álcool, que luta para reduzir um endividamento elevado, é “para valer”.
Ao contrário de outras operações anunciadas nos últimos meses, como a venda de usinas sucroalcooleiras e de geração distribuída, o fim da parceria com a mexicana Femsa não resultará em ingresso de recursos na Raízen. Mas vai retirar de seu balanço as dívidas da parceria, além de uma operação que queima caixa e que, para entregar os ganhos iniciamelmente projetados, seguirá consumindo valores elevados.
O plano de Raízen e Femsa, cuja parceria foi iniciada em 2019, era ambicioso e foi recebido com desconfiança: a meta de longo prazo era chegar a 5 mil lojas, espalhadas por todo o país. Passados cinco anos, apenas 12% da meta inicial foi cumprida, com 611 unidades sob a bandeira vermelha e amarela.
Ainda assim, a sensação em diferentes regiões de São Paulo é que esse plano havia avançado com mais força. Não é incomum encontrar três, quatro unidades da marca à distância de um quarteirão. Além de competirem entre si, essas lojas rivalizam com bandeiras de proximidade de grandes varejistas como Pão de Açúcar e Carrefour.
A Femsa segue apostando no plano de crescimento acelerado da Oxxo no país — a parceria com a Raízen foi a porta de entrada da bandeira mexicana no mercado brasileiro, líder em lojas de proximidade na América Latina.
Em comunicado sobre o encerramento da joint venture, a companhia mexicana informa que a Oxxo Brasil “é uma prioridade dentro da [sua] estratégia de negócios de varejo” e o “tamanho do mercado [brasileiro], o cenário de varejo altamente fragmentado e a forte adequação do produto ao mercado com a proposta de valor” da rede “apresentam uma oportunidade de crescimento significativa”.
“A Femsa visa a construir um negócio escalável e lucrativo, concentrando-se na expansão acelerada das lojas, adaptando o formato da Oxxo às necessidades dos consumidores locais e impulsionando o retorno a longo prazo sobre o capital investido”, acrescenta.
Pelo acordado, a Femsa ficará com todas as unidades Oxxo no país e um centro de distribuição em Cajamar (SP), enquanto a Raízen manterá as 1.256 lojas de conveniência Shell Select e Shell Café.
“À medida que damos o próximo passo para operar de forma independente, continuamos totalmente comprometidos em fortalecer e expandir a Oxxo neste mercado vibrante”, diz no comunicado o CEO da Femsa Comercio, Jose Antonio Fernandez Garza.
Em seu comunicado, a Raízen, uma joint venture entre Cosan e Shell, foi mais sucinta. Além dos termos acertados, informa que “essa decisão está alinhada a estratégia de reciclagem e simplificação do portfólio de negócios da Raízen, permitindo maior foco e agilidade na execução de sua ‘Oferta Integrada Shell’”.
O fim do grupo Nós e as notícias mais recentes sobre a busca de um novo sócio para a Raízen, estratégico e estrangeiro, agradaram ao investidores. No início da tarde, as ações da companhia subiam 2,4%, negociadas a R$ 1,30.
