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Brasil pode se beneficiar com déficit global de biocombustíveis; saiba como

17/07/2025

Fonte: Diário do Comércio

Até 2030, haverá um déficit de cerca de 20% no suprimento global de biocombustíveis para aviação, transporte marítimo e rodoviário pesado. Essa lacuna pode subir para até 45% em 2040, caso não haja avanços significativos em novas matérias-primas e tecnologias, colocando a descarbonização do setor de transportes em risco. Nesse contexto, o Brasil desponta como um fornecedor estratégico, com potencial para suprir boa parte da demanda.

Os dados e a análise são da Bain & Company. Conforme a consultoria de gestão, a descarbonização do setor de transportes se mostra complexa, com 40% das emissões consideradas de difícil eletrificação e nas quais os combustíveis sustentáveis são, no curto e médio prazos, a principal opção viável. O País tem vantagens e pode se beneficiar disso.

A empresa pontua, por exemplo, que o Brasil é um grande produtor de biomassa, sobretudo a partir da soja e da cana-de-açúcar. Além disso, possui um parque industrial consolidado, resultado de décadas de experiência com etanol e biodiesel. Também dispõe de uma infraestrutura de esmagamento e refino suficiente para atender à demanda de biodiesel projetada até 2029, com projetos anunciados que devem estender essa capacidade até 2030.

A consultoria destaca ainda que o País tem condições de avançar no desenvolvimento de novas fontes de produção de biocombustíveis, como macaúba, camelina e carinata. Contudo, para viabilizar a escala produtiva dessas alternativas, são necessários investimentos estruturantes, como sementes adaptadas, certificação internacional, capacitação técnica de produtores e adequações logísticas e industriais.

Segundo a Bain, a demanda por combustíveis sustentáveis tende a crescer rapidamente, diante do avanço de regulamentações em grandes mercados consumidores, com foco na redução das emissões de carbono. Assim, com oferta abundante de biomassa, experiência técnica e escala industrial, o Brasil pode se tornar um fornecedor-chave de biocombustíveis, como bioquerosene de aviação (SAF), óleo vegetal hidrotratado (HVO) e biodiesel.

Apoio governamental é necessário para o País ter protagonismo

Na avaliação do professor de Ciências Contábeis da Estácio BH, Alisson Batista, o País, de fato, possui uma infraestrutura avançada de fornecimento de biodiesel. Entretanto, é necessário alavancá-la ainda mais para que se torne uma referência global. No caso do óleo vegetal hidrotratado, o Brasil tem potencial para ser protagonista, mas precisa avançar internamente, já que, até o momento, focou na produção de etanol e do próprio biodiesel.

Com relação aos biocombustíveis para aviação, o docente observa que o Brasil ainda está engatinhando – tanto que o setor aéreo nacional utiliza, principalmente, querosene de aviação (QAV) e, inclusive, importa parte do produto. Ainda assim, o País pode se destacar, desde que haja investimentos por parte do governo federal em pesquisa e desenvolvimento.

Para Batista, o País não deve se tornar uma referência prioritária, mas já está avançado no que diz respeito ao biodiesel, o que torna viável a produção de bioquerosene de aviação. O professor sublinha que a exportação pode ser relevante se o País focar, por exemplo, nos países vizinhos, o que facilitaria o transporte. “Se tivermos investimentos e políticas públicas que favoreçam, a gente consegue ter esse desenvolvimento”, reitera.

Nesse sentido, a Bain sugere passos que o Brasil deve tomar para ter protagonismo em biocombustíveis. Entre eles, estão: criar políticas públicas que garantam previsibilidade regulatória, incentivar a exportação e o uso de matérias-primas sustentáveis, além de investir em novas plantas de esmagamento, biorrefino e infraestrutura voltada a culturas alternativas.

O Minaspetro divulga notícias de outros veículos como mera prestação de serviço. Esses conteúdos não refletem necessariamente o posicionamento do Sindicato.
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