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Brink’s suspende parte das operações no Brasil
30/07/2019
Fonte: Valor Econômico
A transportadora de valores Brink’s, com sede nos Estados Unidos, vai paralisar temporariamente operações em determinados aeroportos no Brasil. A informação consta de uma carta enviada a clientes e confirmada ao Valor pela Brink’s.
A empresa foi alvo de um roubo na quinta-feira no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), quando foram levados 720 kg de ouro, avaliados em quase R$ 131 milhões, segundo cálculo do Valor Data. Parte do ouro pertencia à mineradora canadense Kinross Gold.
Na sexta-feira o governador de São Paulo João Doria criticou a Brink’s por não ter pedido escolta policial na operação. Três pessoas, suspeitas de terem participado do crime, estão presas em São Paulo.
Na carta, a Brink’s disse que as autoridades aeroportuárias de alguns aeroportos brasileiros estabelecem restrições ao emprego de vigilância armada ostensiva em certas dependências de seus aeródromos. Com isso, a empresa “não tem total autonomia para definir as condições em que determinadas operações são realizadas a partir do momento em que a carga é desembarcada dos veículos e entregue aos cuidados do aeroporto ou das companhias aéreas, enquanto aguarda o embarque das mercadorias”.
Com a paralisação temporária das atividades “em determinados aeroportos”, a empresa disse que visa “preservar a segurança dos valores transportados, a segurança de todas as pessoas envolvidas na atividade e a viabilidade da operação”. A Brink’s não informou quais aeroportos e serviços serão afetados. A GRU Airport, concessionária do aeroporto de Guarulhos, não se pronunciou ontem. Anteriormente, havia informado que “cumpre todas as normas internacionais e práticas de segurança pertinentes à segurança aeroportuária” e que repassou informações à Polícia Civil.
O líder do PSL no Senado, Major Olímpio, buscará a ajuda dos ministros da Infraestrutura, Tarcisio de Freitas, e da Justiça, Sergio Moro, para tentar rever procedimentos que impedem que transportadoras de valores acessem aeroportos sem vigilância armada. Moro, segundo o senador, mostrou preocupação e intenção de ajudar a resolver o problema.
Ontem, o líder do PSL no Senado divulgou vídeo em que lê a carta da Brink’s. Ele classificou como “um absurdo” a necessidade de suspensão das operações da empresa por questões de segurança e disse que ela é a única que faz esse tipo de transporte no país.
A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) informou que há outras empresas habilitadas a prestar esse tipo de serviço.
A espanhola Prosegur informa em sua página na internet que faz o transporte de “joias, relógios, papel moeda, barras de ouro” e outros produtos. O mercado de transporte de valores ainda conta, entre outras empresas, com as brasileiras Protege e TB Forte. Esta é controlada pela Tecban, criada pelos bancos Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil, Caixa e Banorte.
A Brink’s está tentando aprovar a compra da brasileira Tecnoguarda no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A TecBan informou ao órgão antitruste que a união das duas companhias pode dificultar sua operação. A Tecban também deve se manifestar contra a aquisição da brasileira Transvip pela Prosegur. Em março deste ano, o Cade aprovou a compra da Transfederal, de propriedade do ex-presidente do Senado Eunício Oliveira, pela Prosegur.