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Carros elétricos já são 18% do mercado global — no Brasil, 3,4%

10/10/2025

Fonte: insideevs

O mercado global de veículos eletrificados manteve ritmo forte em agosto de 2025, somando 1.713.434 unidades vendidas entre carros elétricos a bateria (BEV) e híbridos plug-in (PHEV), segundo levantamento do CleanTechnica. O volume representa crescimento anual de cerca de 15%, sinalizando avanço consistente da eletrificação, embora com leve desaceleração em relação a 2024.

Os veículos 100% elétricos responderam por 18% de participação global, enquanto o total de plug-ins (BEV + PHEV) chegou a 27% do mercado automotivo. Isso significa que, de cada quatro veículos novos vendidos no mundo, um já conta com recarga externa, reflexo direto da ampliação de portfólio e da queda de preços, especialmente na China e na Europa.

China lidera, com domínio de BYD e avanço de novas marcas

O levantamento mostra a BYD na liderança absoluta, com 344.839 unidades vendidas em agosto — o equivalente a 20,1% do total global de elétricos e híbridos plug-in. Na sequência aparece a Tesla, com 152.448 veículos (8,9% de participação), seguida por Geely (110.666), Wuling (65.533) e Leapmotor (57.066).

Entre as dez maiores fabricantes, sete são chinesas, confirmando a posição dominante do país tanto em volume quanto em diversidade de marcas. Em conjunto, as fabricantes da China responderam por mais de 60% das vendas globais de EVs em agosto.

Vale destacar que o ranking do CleanTechnica considera EVs totais, ou seja, a soma de BEVs e PHEVs. No caso da BYD e da Geely, parte relevante do volume vem de híbridos plug-in. Já marcas como Leapmotor, Tesla e Xpeng trabalham majoritariamente com veículos 100% elétricos, o que reforça a consolidação tecnológica dessas empresas no segmento BEV.

Brasil cresce, mas ainda está distante da média global

No Brasil, o ritmo de adoção da mobilidade elétrica continua em expansão, mas em patamar menor que o observado no mercado global. Segundo dados da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), o país registrou 20.222 veículos eletrificados leves vendidos em agosto, o equivalente a 9,4% do total de veículos leves comercializados no mês.

Desses, 77,5% foram plug-in (BEV + PHEV) — cerca de 15.600 unidades. O restante foi composto por híbridos convencionais (HEV e HEV Flex). Os BEVs puros atingiram 7.624 emplacamentos, recorde que foi superado em setembro, enquanto os PHEVs somaram 8.057 unidades.

Na comparação direta, o contraste é evidente:

• No mundo, os BEVs representaram 18% das vendas totais de automóveis em agosto;
• No Brasil, os BEVs responderam por 3,6% do mercado total, e os plug-ins somados (BEV + PHEV) alcançaram 7,3%.

Mesmo assim, o resultado mostra avanço sólido. No acumulado de janeiro a agosto, o Brasil totalizou 126.087 eletrificados leves vendidos, e a ABVE projeta encerrar 2025 acima de 200 mil unidades, consolidando o melhor ano da história do segmento.

Fatores que explicam o descompasso

Três fatores ajudam a entender por que o Brasil ainda está atrás da média global:

1. Oferta e preço dos modelos — A maioria dos elétricos vendidos no país ainda é importada, o que encarece o produto e restringe o público.
2. Infraestrutura de recarga — Embora em expansão, a rede nacional ainda é limitada em capilaridade e potência em comparação a mercados maduros.
3. Ausência de incentivos estruturais — Países líderes contam com subsídios diretos e metas obrigatórias de emissões. No Brasil, políticas de incentivo ainda são pontuais e concentradas em governos locais.

Perspectivas para o Brasil

O aumento da participação dos plug-ins indica que a eletrificação já é uma realidade comercial no Brasil. A chegada de novas marcas chinesas — como BYD, GWM, GAC, MG, Omoda-Jaecoo, Zeekr e Leapmotor — deve acelerar o processo de popularização, ao mesmo tempo em que pressiona fabricantes tradicionais a ampliarem suas ofertas eletrificadas.

Para os consumidores, isso representa maior variedade de opções e avanços em tecnologia, mas também um novo desafio: acompanhar as diferenças entre BEV, PHEV e HEV, além das mudanças no custo de propriedade, recarga e manutenção.

Resumo — agosto de 2025