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Etanol de milho ainda é inviável em Minas Gerais

24/02/2014

Apesar de Minas Gerais ser um dos grandes produtores de milho do país, a produção de etanol pelo processamento do cereal ainda é inviável para o Estado. Isso acontece devido ao preço menos competitivo do milho em relação a Mato Grosso e aos altos tributos. A opinião é do o ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e atual presidente-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Alysson Paolinelli. Para ele, futuramente, com o desenvolvimento de novas tecnologias e aumento significativo da produtividade e da produção, a geração do combustível renovável poderá se tornar interessante por aqui.

O preço do milho no Estado é elevado se comparado com Mato Grosso, único Estado onde, segundo Paolinelli, a produção do etanol a partir do milho seria praticável. Enquanto em Minas a média de preço da saca de 60 quilos gira em torno de R$ 25, no Mato Grosso o valor máximo praticado é de R$ 18.
“O etanol do milho é vantajoso, porém, o custo é mais elevado. Enquanto a produção de biocombustível nos Estados Unidos é subsidiada, no Brasil ela é taxada. Somente o Mato Grosso teria condições de produzir com competitividade baseando-se no preço do cereal. Porém, a produção se torna impraticável pelos problemas logísticos, já que o consumo na região é pequeno. Minas Gerais tem potencial para produzir futuramente, mas é preciso investir muito mais em pesquisa e no aumento da produtividade e da produção”, disse.
Ainda segundo Paolinelli, a produção de milho no país e no Estado é crescente, e o desenvolvimento de novas tecnologias tem contribuído para a expansão da cultura. “Ainda existem muitas áreas que podem ser exploradas para a ampliação do volume de milho, como o Cerrado, por exemplo. Precisamos abrir esses novos espaços e o Brasil continua desenvolvendo tecnologias para isso. A posição que o país assumiu é muito relevante no que diz respeito à produção de alimentos, matérias-primas e bioenergia. Vamos tentar, temos muita tecnologia e vamos aumentar ainda mais”, disse.
Usinas flex – Para o pesquisador da área de economia agrícola da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Unidade Milho e Sorgo (Embrapa Milho e Sorgo), Rubens Augusto de Miranda, o uso do milho para a produção de etanol seria mais viável, no futuro, com a construção de usinas flex.
“O interessante para os usineiros seria a possibilidade de escolher o produto conforme o custo de produção, podendo variar entre o milho e a cana-de-açúcar. No curto prazo, a usina flex seria mais interessante para o Mato Grosso, mas ainda são nichos a ser explorados. A tecnologia vem melhorando e os custos podem diminuir ao longo dos tempos. A médio prazo, Minas Gerais poderá produzir etanol com o uso do milho, já que existe possibilidade de mercado para o combustível”, disse Miranda.
Minas Gerais produz cerca de 7,5 milhões de toneladas de milho, o que corresponde a 10% da produção nacional. O Estado é o maior produtor do cereal na primeira safra. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), para o período produtivo 2013/14 é esperado colher um volume próximo a 6,5 milhões de toneladas, o que, frente ao ano anterior, representa queda de 3,6%. A menor produção se deve à concorrência com a soja, que tem preços e liquidez mais favoráveis, e também pela possibilidade de expansão do cultivo do cereal na segunda safra de inverno. Na primeira safra, foram reservados ao plantio do cereal 1,09 milhão de hectares, queda de 4,5%. A produtividade da lavoura é de seis toneladas por hectare.
Em relação à safrinha, o incremento na produção mineira neste ano foi estimado em 20%, com um volume de 745 mil toneladas. A área deve aumentar 20,6%, alcançando 143 mil hectares. A produtividade é de 5,2 toneladas por hectare.

Fonte: Diário do Comércio

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