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FT: EUA pedem ao G7 que imponha tarifas à China e Índia sobre compras de petróleo russo
12/09/2025
Os Estados Unidos pressionarão os países do G7 a impor tarifas significativamente mais altas contra Índia e China por comprarem petróleo russo, numa tentativa de forçar Moscou a aceitar negociações de paz com a Ucrânia, segundo quatro pessoas informadas sobre os planos.
Em uma videoconferência nesta sexta-feira (12), os ministros das Finanças do grupo dos sete principais países industrializados discutirão uma proposta americana de novas medidas, à medida que o presidente Donald Trump intensifica os esforços para intermediar um acordo de paz na Ucrânia.
O presidente dos EUA pediu nesta semana que a União Europeia (UE) imponha tarifas de até 100% sobre China e Índia, mas agora amplia a iniciativa para incluir os aliados do G7.
“As compras chinesas e indianas de petróleo russo estão financiando a máquina de guerra de Putin e prolongando a matança insensata do povo ucraniano”, disse um porta-voz do Departamento do Tesouro dos EUA.
“No início desta semana, deixamos claro a nossos aliados da UE que, se estão realmente comprometidos em encerrar a guerra em seu próprio quintal, precisam se unir a nós e impor tarifas significativas que serão retiradas no dia em que a guerra acabar”, acrescentou.
“A Administração de Paz e Prosperidade do presidente Trump está pronta, e nossos parceiros do G7 precisam se juntar a nós.”
O porta-voz não informou um valor para as tarifas planejadas, mas pessoas familiarizadas com a situação disseram que os EUA propuseram níveis entre 50% e 100%.
No mês passado, os EUA aumentaram para 50% as tarifas sobre importações indianas em resposta às compras do país de petróleo russo. Em abril, Trump elevou drasticamente as tarifas sobre produtos chineses, mas as reduziu em maio após forte reação negativa do mercado.
Autoridades da UE sabem que impor tarifas tão altas a dois parceiros comerciais estratégicos seria difícil, dado o impacto econômico e a provável retaliação de Pequim. O bloco espera concluir em poucas semanas um acordo comercial com Nova Délhi, buscando estreitar laços com a potência asiática em ascensão.
Mas Bruxelas espera convencer os EUA de que pode exercer pressão semelhante por meio de outras medidas, como sanções mais duras contra produtores de energia russos e a antecipação do prazo de 2027 para que os Estados-membros deixem de comprar petróleo e gás russos.
Isso, afirmaram três autoridades europeias, exigiria que Trump pressionasse Hungria e Eslováquia — dois países governados por líderes pró-Rússia que continuam comprando petróleo russo por oleoduto e já vetaram sanções mais severas da UE no passado.
A UE já discute a possibilidade de impor sanções à China por comprar petróleo e gás russos a preços baixos.
Dan Jørgensen, comissário europeu de Energia, reuniu-se na quinta-feira com o secretário de Energia dos EUA, Chris Wright, para discutir a substituição do gás natural liquefeito russo por suprimentos americanos.
“Precisamos, o mais rápido possível, garantir que eliminemos a dependência que ainda temos da energia russa”, afirmou.
A UE ainda compra cerca de um quinto do seu gás da Rússia, contra 45% antes da invasão em grande escala da Ucrânia em 2022.
O Canadá, que ocupa a presidência do G7 e sediou a última cúpula do grupo em Alberta, em junho, disse que convocou a reunião “após discussões com os EUA”.
Segundo Ottawa, o objetivo é “discutir novas medidas para aumentar a pressão sobre a Rússia e limitar sua máquina de guerra”.
“O G7 está resoluto em sua oposição à guerra ilegal e injustificada da Rússia”, disse John Fragos, porta-voz do ministro das Finanças do Canadá.
As conversas incluirão propostas de “tarifas contra nações que continuam financiando a máquina de guerra da Rússia”, disse um funcionário do governo canadense sob condição de anonimato.
O Canadá também enfrenta um dilema com essa medida. Em junho, o primeiro-ministro Mark Carney lançou uma iniciativa para retomar relações com a Índia após uma ruptura de dois anos. Esforços semelhantes foram feitos em relação a Pequim, já que o país busca diversificar sua economia para além da dependência dos EUA.