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Petróleo deve seguir volátil com guerra Irã-Israel

17/06/2025


Fonte: Valor Economico

Depois de registrar a maior alta diária em três anos na sexta-feira (13), o petróleo Brent recuou nesta segunda (16), enquanto o mercado avalia os efeitos da guerra entre Irã e Israel sobre o setor. Há muitas especulações envolvendo o conflito, o que leva a essas oscilações nas cotações, segundo Daniel Osorio, chefe da área de energia da Hedgepoint para os Estados Unidos e América Latina.

“Na sexta, esperava-se que haveria grandes desdobramentos graves ao longo do fim de semana, o que não ocorreu, sob o ponto de vista do setor de petróleo”, afirmou Osorio. “Por enquanto, não há nada que ameace o fluxo de mercado global da commodity. Por isso, os preços caem nesta segunda”, disse o analista.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou ontem que está disposto a atacar o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei. Segundo o chefe de Estado, a morte do aiatolá encerraria a guerra. A declaração foi dada à emissora ABC News ao ser questionado sobre um suposto veto por parte do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a um plano de Israel para assassinar Khamenei.

Nesta segunda, o Brent fechou com queda de 1,11%, a US$ 71,99 por barril. Em junho, a commodity tem alta de 14,67%. Ainda assim, no ano, o petróleo tem queda acumulada de 3,03%.

Segundo o analista da Hedgepoint, há um temor de que o Irã decida bloquear o Estreito de Ormuz, uma das principais vias para o frete marítimo de petróleo. Conforme especialistas, cerca de 20% do comércio global do óleo passa pelo estreito.

“Caso o bloqueio aconteça, será um grande problema. O Irã já mencionou que essa seria uma das opções caso o conflito se agrave, mas os Estados Unidos têm tentado contornar. Estimamos que o Brent poderia alcançar os US$ 100 caso o estreito fosse bloqueado”, afirmou Osorio.

Para o J.P. Morgan, um bloqueio do Estreito de Ormuz poderia impulsionar os preços internacionais para até US$ 130. Um salto dessa magnitude aumentaria as pressões inflacionárias em todo o mundo.

Trump tem criticado os altos preços do petróleo e prometido baratear a energia, além das propostas de aumentar a oferta da commodity, o que também derrubaria a cotação. Nesta segunda, o Irã pediu a Trump que force Israel a estabelecer um cessar-fogo e a interromper o confronto, segundo a agência de notícias Reuters.

Felipe Perez, chefe-estrategista de combustíveis e refino na S&P, avalia que as próximas semanas devem ser decisivas para entender os efeitos do conflito sobre a cotação do petróleo. Para ele, os reflexos da guerra ainda são limitados e vão depender do quanto os ataques podem se alongar, e como outros países ainda podem se envolver.

“Além das preocupações com fluxo, há o receio de que se crie um caos global com uma possível intervenção de outros países, como Rússia, China e Arábia Saudita. E, caso se envolvam, de que maneira essa questão vai se refletir sobre esses países”, afirmou.

Sob o ponto de vista do Brasil, os receios sobre fluxos de petróleo naquela região devem representar uma janela de oportunidade, na visão de Perez. “Assumindo que não haja interrupção de oferta de petróleo pelo Irã, o conflito cria uma janela de oportunidade para exportadores, como o Brasil, de aproveitar os preços mais altos do que nos últimos meses.”

O presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo, Roberto Ardenghy, faz coro à ideia. Para ele, ainda que haja um aumento dos preços do frete, o Brasil se posiciona para atender demandas internacionais em caso de interrupção de exportação por conta da guerra. “Não há indicação de que esse conflito seja resolvido a curto ou médio prazo”, disse Ardenghy, que completou: “O Brasil tem uma posição favorável e um regime regulatório estável. Há uma oportunidade de vendermos para países que hoje dependem desses lugares no Oriente Médio.”

O Minaspetro divulga notícias de outros veículos como mera prestação de serviço. Esses conteúdos não refletem necessariamente o posicionamento do Sindicato.
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