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Por que a gasolina e a carne em BH têm o maior preço do Brasil desde 2023?

27/11/2024

Fonte: O Tempo

Os aumentos de preço, acima da média nacional, para os combustíveis e a carne em Belo Horizonte nos últimos 12 meses chamaram a atenção do IPCA-15, a prévia da inflação oficial do país para novembro, divulgada ontem pelo IBGE. O indicador apresentou uma inflação de 0,62% no país, enquanto, na capital mineira, o percentual ficou em 0,55%.

Embora o índice seja inferior à média nacional, Belo Horizonte apresentou destaques negativos na alta dos preços da gasolina e da carne nos últimos 12 meses, período em que liderou o encarecimento desses produtos. A gasolina registrou um aumento de 13,72%, em comparação aos 8,61% observados na média nacional, enquanto o preço da carne subiu 16,71%, contra 11,44% no restante do país. Mas o que explica esse cenário?

Aumento no preço da carne

Especificamente sobre a carne, o economista da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead) da UFMG, Diogo Santos, afirmou que não há uma explicação definitiva. No entanto, o crescimento dos preços pode estar relacionado ao aumento da demanda.

“O desemprego está mais baixo, tanto no país quanto em Belo Horizonte. Minas Gerais apresenta uma taxa de desemprego ainda menor. Isso pode ser um fator, pois a massa salarial tem crescido, o que pode impactar a demanda por esses produtos”, explicou Santos.

No dia 11 de novembro, o site de pesquisas Mercado Mineiro revelou que o preço das carnes subiu 17,7% em Belo Horizonte no mês de novembro. A carne bovina foi a mais impactada pela inflação. O filé mignon, por exemplo, teve um aumento de 14,7%, passando de R$ 67,98 para R$ 77,99. Já a picanha ficou 10,2% mais cara, subindo de R$ 64,29 para R$ 70,83. O frango também apresentou alta: o filé de peito aumentou 13,3%, de R$ 23,06 para R$ 24,36.

De acordo com o economista do C6 Bank, Heliezer Jacob, os preços das carnes têm sido influenciados pelas exportações elevadas, pela menor disponibilidade de animais para abate e por fatores climáticos, o que pode ajudar a explicar a inflação em Belo Horizonte. “As carnes acumulam, em 12 meses, uma alta de 16,7% na capital mineira. Essa também é a maior inflação desse item entre as capitais pesquisadas pelo IBGE”, afirmou.

À reportagem de O TEMPO, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Sistema Faemg Senar), Antônio Pitangui de Salvo, destacou a expectativa de melhora nos preços da carne bovina a partir de janeiro, com o início da safra. “Isso vai até o final de maio. Esperamos maior oferta, o que deverá reduzir naturalmente o preço do quilo vivo do boi ou da arroba e, consequentemente, o preço nas gôndolas dos açougues e supermercados”, projetou.

E a gasolina?

Diogo Santos, do Ipead, destacou que a gasolina em Belo Horizonte tem registrado aumentos acima da média nacional desde o primeiro semestre. O TEMPO já havia noticiado que a capital mineira vendia o combustível mais caro da região Sudeste, de acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

“Não é possível atribuir esse aumento aos reajustes da Petrobras, já que eles são uniformes para todo o país. Ou seja, há algum fator local relacionado à estrutura de distribuição, que favorece o aumento de preço no ponto de venda final, ou até mesmo uma pressão maior de demanda”, analisou o economista.

A reportagem questionou o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro) sobre os resultados do IPCA-15, mas, até a publicação desta matéria, não houve posicionamento. O espaço permanece aberto.

O Minaspetro divulga notícias de outros veículos como mera prestação de serviço. Esses conteúdos não refletem necessariamente o posicionamento do Sindicato.