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Raízen Combustíveis dá 1º passo fora do Brasil com compra na Argentina
24/04/2018
Fonte: Valor Econômico
Com a aquisição da rede de postos de combustíveis e atividade de refino e lubrificantes da Shell na Argentina por US$ 950 milhões, a Raízen Combustíveis deu seu primeiro passo fora do Brasil. A empresa de energia é uma das maiores distribuidoras de gasolina, etanol e diesel do país e assume a vice-liderança no mercado argentino.
A Raízen vinha negociando o ativo com a Shell, que é sua co-controladora junto com o grupo Cosan, há quase dois anos. Há pouco, as ações ON da Cosan subiam 5,13%, negociadas a R$ 39,74, a maior alta do Ibovespa.
Segundo uma fonte graduada do grupo brasileiro, a compra da operação representou uma oportunidade pontual de expansão e não está alinhada a uma estratégia de internacionalização dos negócios na América do Sul, ao menos por enquanto. O mercado sul-americano não tem porte suficiente para justificar um plano mais agressivo nesse sentindo, conforme essa fonte.
A empresa usará recursos do caixa para fazer frente ao negócio e, mais adiante, poderá recorrer a outra estrutura de financiamento. Há potenciais sinergias mercadológicas, financeiras e em logística.
Com o veto imposto à compra da Alesat pela Ipiranga, ficou claro o posicionamento do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) a novas operações que envolvam a BR Distribuidora, Ipiranga, Raízen e AleSat, donas de 80% do mercado brasileiro. Diante disso, a alternativa que sobra às grandes nesse segmento é o embandeiramento de postos independentes ou uma eventual ida para o exterior.
Depois do Brasil, a Argentina é o segundo maior mercado de combustíveis na região — no país vizinho, a Shell é vice-líder em distribuição, com cerca de 20% de participação. Aqui, a Raízen disputa ponto a ponto o segundo lugar no ranking com a Ipiranga, do grupo Ultra. A líder de mercado é a BR Distribuidora, controlada pela Petrobras.
Com a aquisição, a Raízen vai incorporar vendas de cerca de 6 bilhões de litros por ano, uma rede com 645 postos, uma refinaria, uma planta de lubrificantes, três terminais terrestres, duas bases de abastecimento em aeroportos e ativos de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP).
O negócio da Shell na Argentina atraiu uma série de interessados, entre os quais a chilena Luksic, Trafigura, Vitol, PetroChina, Pluspetrol e Southern Cross Group. Outra brasileira, a Ipiranga, chegou a avaliar a oportunidade, mas não entrou no processo de concorrência.
No país, a rede Shell encerrou 2017 com 6,272 mil postos. A empresa distribui aproximadamente 25 bilhões de litros de combustíveis para os segmentos de transporte, indústria e varejo.