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Rede de postos SIM compra rival e planeja chegar a SP

18/09/2019

Fonte: Valor Econômico

Principal rede de postos de combustíveis do Sul do país, a gaúcha SIM anunciou ontem a compra da concorrente catarinense Mime, em operação que a consolida na liderança do varejo independente no Brasil, com 200 revendas e faturamento anual combinado da ordem de R$ 4 bilhões. O valor do negócio, que envolve troca de participação em uma nova empresa e está sujeito à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), não foi revelado.

A transação é a mais recente no setor de distribuição e varejo de combustíveis brasileiro, que experimenta há pelo menos dois anos uma onda de consolidação marcada pela entrada de investidores estrangeiros. Para 2020, a rede SIM projeta faturar R$ 5 bilhões e, em dez anos, a meta é dobrar de tamanho, alcançando 400 postos e novas geografias.

Fundada pelos irmãos Neco e Deunir Argenta em 1985, no município gaúcho de Flores da Cunha, a SIM tem cerca de 2,7 mil funcionários. A Mime, por sua vez, foi fundada em Jaraguá do Sul (SC) em 1977, e emprega 1,25 mil pessoas. Com a compra da catarinense, a SIM se consolida como a maior varejista de combustíveis do país, conforme ranking da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Ainda assim, a rede manterá o ritmo de expansão orgânica a partir do embandeiramento de postos e da construção de novas unidades. Neste momento, disse ao Valor o empresário Neco Argenta, há 12 novas revendas em construção no Rio Grande do Sul e outras duas no Paraná. “

Para dobrar o tamanho da rede nos próximos anos, os investimentos devem atingir R$ 500 milhões, provenientes do caixa da empresa e de eventual financiamento bancário. Esse plano de expansão prevê a chegada a novos mercados e o Estado de São Paulo, conforme o empresário, está nos planos. “Nossa estratégia é crescer em caracol, por proximidade”, afirmou.

Com 140 postos sob as bandeiras SIM, Shell, Ipiranga e BR, a SIM já era a maior rede do país sem considerar as distribuidoras, em um mercado que ainda é bastante pulverizado e conta com cerca de 40 mil revendas. A partir da compra da Mime, uma nova sociedade anônima será constituída e os donos da SIM ficarão cerca de 80% do capital – a fatia remanescente ficará com os sócios da Mime. A compra também antecipou metas de crescimento da rede gaúcha.

Todos os postos que levam o nome da empresa comprada serão convertidos para a marca própria SIM, presente em mais de 30 unidades no Rio Grande do Sul e em lojas de conveniência. Nos planos de expansão também haverá espaço para as bandeiras que pertencem às maiores distribuidoras do país. A SIM tem uma operação própria de distribuição, que não foi incluída na transação.

Conforme Neco, a demanda por combustíveis tem indicado uma “pequena reação” e a expectativa para os próximos meses é positiva. Quanto aos preços do petróleo, que anteontem registraram maior alta diária desde a Guerra do Golfo no início dos anos 90, o empresário acredita que o impacto na bomba de combustível não tende a ser significativo. “Parabenizo a Petrobras por não alterar agora os preços e, ao mesmo tempo em que não vira as costas para o que acontece no mundo, tem a sensibilidade de aguardar para ver quais serão os desdobramentos”, afirmou.

O primeiro grande movimento da nova rodada de consolidação do setor foi feito pela Ipiranga, do grupo Ultra, há três anos. Mas a oferta de R$ 2,17 bilhões apresentada à Alesat Distribuidora de Combustíveis acabou vetada pelo Cade em meados de 2017. Um ano depois, a rede foi comprada pela suíça Glencore por R$ 1,7 bilhão.

No fim de 2017, a Petrobras vendeu em bolsa um terço das ações que detinha na BR Distribuidora e se desfez de outro pedaço da empresa recentemente. Meses depois, em maio de 2018, a PetroChina, subsidiária da Companhia Nacional de Petróleo da China (CNPC), comprou 30% da distribuidora pernambucana TT Work. No mesmo ano, o grupo Zema vendeu a distribuidora Zema Petróleo para a francesa Total.

Para Argenta, o mercado precisa de mais consolidação, processo que considera natural. “Quanto maior a consolidação, melhor será o preço na ponta”, defendeu.

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