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Refinaria da Petrobras em Betim só atende a 64% da demanda
09/04/2013
Nos últimos dez anos, a frota de automóveis de Belo Horizonte e da região cresceu 108%, o maior percentual entre as cidades com frota superior a um milhão de veículos, segundo o Observatório das Metrópoles, com base nos dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). O aumento no número de veículos circulando aconteceu também no restante do Estado, trouxe alta na demanda por combustíveis, mas não foi suficiente para motivar a expansão ou a modernização da Refinaria Gabriel Passos (Regap), da Petrobras, que fica na divisa de Betim com Ibirité, na região metropolitana.
A refinaria é a única do Estado e atende somente a 64% da demanda. O restante do abastecimento é feito com combustível vindo do Rio de Janeiro, Bahia, Brasília ou São Paulo. A Regap tem capacidade para refinar cerca de 24 mil m³ por dia, volume que permanece inalterado desde a década de 1980, diz o diretor do Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais (Sindipetro), Gildo Roberto de Almeida. “Se tivéssemos uma capacidade entre 30 mil e 35 mil m³ por dia, estaríamos numa situação mais confortável”, diz.
A ausência de investimentos preocupa autoridades de Betim e Ibirité e parlamentares da bancada mineira. “Se a gente não fizer nada, a Regap vai virar só uma distribuidora”, diz o deputado estadual Rômulo Veneroso. Ele se referia ao “encolhimento” da refinaria, que cada vez mais atende a uma parcela menor da demanda.
O deputado alerta que o Estado perde em arrecadação de impostos, geração de empregos e também na garantia de abastecimento. No ano passado, por exemplo, os postos de combustíveis passaram dificuldades no Carnaval, no feriado de 12 de outubro e no mês de dezembro, além de janeiro deste ano. Nessas ocasiões, o Minaspetro, sindicato que representa os donos de postos, atribuiu a falta de gasolina à pouca capacidade da Petrobras de atender à demanda. Segundo o Minaspetro, em feriados e férias, as vendas aumentam, mas a distribuidora envia quantidade menor de combustível do que a pedida.
A Petrobras afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não há problemas de abastecimento no Estado e que a estatal “possui um parque de refino integrado com objetivo de atender todo o território nacional, independentemente de haver ou não refinaria no Estado consumidor”.
A Petrobras também afirmou que investirá em uma Unidade de Hidrotratamento (HDT) de diesel ainda neste ano, mas não detalhou o investimento, nem citou se haverá expansão na capacidade da Regap.
Uso político da estatal afasta investimentos em Minas
A falta de investimento da Petrobras em Minas Gerais reflete o uso político da estatal, diz o professor de economia da Fumec, Walter Vitorino. Ele diz que a estatal vem sendo usada como instrumento de política econômica, porque o governo controla os preços da gasolina para conter a inflação. “A tendência é não investir mesmo, porque a empresa não tem capacidade financeira”, afirma ele.
Vitorino completa que a transferência do polo acrílico, que seria construído em Betim, para a Bahia também foi uma medida política. O polo, que traria investimento de R$ 1,2 bilhão para a cidade, também daria sobrevida à refinaria, já que parte do dinheiro seria usado na modernização dos equipamentos. (APP)
Lagoa foi contaminada com enxofre
Até o dia 25 deste mês, a prefeitura de Betim deve receber da Petrobras laudos técnicos que permitirão analisar a real situação da lagoa da estatal, que fica na divisa do município com Ibirité. A suspeita é que as águas estejam contaminadas com enxofre e outros materiais. “Com esses laudos, poderemos avaliar quais as providências serão tomadas”, diz o vice-prefeito e secretário de Meio Ambiente, Waldir Teixeira.
O deputado federal Toninho Pinheiro diz que a situação no local é “muito grave”. Ele informa que os municípios estão resolvendo o problema do esgoto que era jogado no local, mas cabe à estatal cuidar da emissão de seus rejeitos. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad) não respondeu se há monitoramento da qualidade das águas.
O Minaspetro divulga notícias de outros veículos como mera prestação de serviço. Esses conteúdos não refletem necessariamente o posicionamento do Sindicato.