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Sindicato dos frentistas quer fechamento de postos após 22h em Juiz de Fora
08/08/2014
Depois de ter o posto de combustível no Francisco Bernardino, na Zona Norte (Juiz de Fora), assaltado quatro vezes este ano, a construção de um ponto de apoio da Polícia Militar foi a solução encontrada pelo proprietário para tentar se ver livre de bandidos e ainda garantir o andamento dos negócios, uma vez que vem enfrentando problemas com falta de pessoal. Após os últimos roubos, dois funcionários pediram demissão e outros solicitaram troca de horários, diante do receio de trabalhar no período noturno. A frequência de assaltos a um mesmo local tem ocorrido em estabelecimentos em diferentes regiões da cidade. São casos cometidos sempre com criminosos armados, a maioria das vezes com armas de fogo, com mais de um assaltante e frequentemente com a utilização de motocicleta. O proprietário Diogo da Fonseca Motta Rodrigues disse que, para construir o ponto de apoio no seu estabelecimento, teve que despender R$ 10 mil. Segundo ele, o investimento é para se sentir mais seguro depois das quatro vezes em que foi alvo de ladrões. Diogo também acredita que a base de apoio terá serventia para todas as regiões do bairro, já que a área tem sofrido com a criminalidade.
O último assalto no posto foi em junho, mas o penúltimo, em maio, trouxe mais preocupação a Diogo, quando foram roubados R$ 4 mil. Na fuga, os bandidos ainda deram tiros para o alto. Ele considera que os ladrões contaram com informações privilegiadas. “Dois homens bateram nos frentistas e foram buscar a quantia em um local, onde nunca outro bandido havia ido”, afirmou o proprietário, acrescentando que, devido ao medo, dois frentistas pediram demissão e outros reivindicaram trocar o horário de serviço.
Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Postos de Serviços de Combustíveis e Derivados de Petróleo de Juiz de Fora e Região (Sintraposto), Paulo Guizellini, a segurança nos estabelecimentos, no período da noite, é falha. Ele confirma que muitos frentistas têm optado pela demissão devido ao medo. O sindicalista ressalta que Juiz de Fora tem 60 estabelecimentos e que, muitos, reduzem a iluminação depois de certo horário. Além disso, muitas câmeras de segurança não estariam funcionando. “Essa situação contribui para a ação de bandidos”, ressalta Guizellini, acrescentando que a categoria solicita ao sindicato patronal o fechamento dos postos de combustíveis após as 22h. “Já encaminhamos essa pauta, para que seja discutida pelos proprietários, pois estamos com dificuldade de manter um trabalhador no período da noite. Fomos procurados por um frentista, que está abalado psicologicamente depois de ter sido assaltado seis vezes num posto. Essa situação é grave e precisa mudar.” O presidente da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis (Fecombustíveis) e vice-presidente do Minaspetro, Paulo Miranda Soares, considera que o fechamento após as 22h não resolveria o problema: “Além de não ser bom para o cliente, temos estatísticas que apontam que 90% dos assaltos acontecem até as 20h, a metade só no período do dia. Hoje os bandidos também estão mirando os clientes, por isso, optam pelo horário de atendimento e, quanto mais cliente no local, melhor para eles.”
Usuários já mudam seus hábitos
A questão da violência nos postos tem impactado a rotina dos usuários, já que, em alguns casos, o cliente também se tornou vítima, como em 10 de junho, quando um posto no Distrito Industrial, na Zona Norte, foi assaltado pela segunda vez em menos de um mês. Na ocasião, um cliente de 60 anos foi rendido pelos bandidos. Usando touca ninja, a dupla armada entrou e levou R$ 200 do caixa, um celular do funcionário e R$ 100 do cliente. Preocupado com os assaltos, o funcionário público Carlos Eduardo de Oliveira Loures, 40 anos, contou que deixou de abastecer seu veículo no período da noite. “Tinha o costume de sair da faculdade, no Bairro Grama, e abastecer o meu carro no caminho para a Zona Norte, depois das 23h. Era um hábito de encher o tanque para o fim de semana e para o restante da semana. Ficava pelo menos dez minutos no posto, mas, depois dessa onda de roubos, principalmente na Zona Norte, passei a abastecer nas manhãs de sábado, para evitar ser vítima também”, contou Carlos Eduardo.
Prevenção
Para aumentar a segurança dos estabelecimentos, a Polícia Militar informou que, frequentemente, realiza patrulhamento preventivo com atenções voltadas para postos de combustíveis. A assessoria enfatizou que, por meio de levantamentos estatísticos, a corporação realiza o acompanhamento dos postos de combustíveis que tenham sido alvo de roubo por mais de uma vez, destinando, assim, maior atenção a estes locais. A PM ainda orienta os trabalhadores a não reagirem a assaltos. Aos proprietários, é sugerida a instalação do circuito interno de TV para potencializar a segurança.
Fonte: Tribuna de Minas