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Vendas de gasolina estão em alta enquanto etanol recua em Minas
03/07/2025
As vendas de combustíveis pelas distribuidoras de Minas Gerais cresceram 3% no acumulado do ano (janeiro a maio), se comparadas com as vendas do mesmo período do ano passado. A alta de 9,5% da gasolina, a maior dentre os combustíveis, puxou o crescimento no Estado. Os dados são da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
No total foram 7,1 milhões de metros cúbicos (m³) de combustíveis comercializados no Estado este ano. Sendo, 27,4% (1,97 milhão m³) de gasolina e a maior fatia, 47,7% (3,43 milhões m³) de óleo diesel. De acordo com o levantamento da ANP, com exceção do etanol, todos os combustíveis venderam mais em 2025 no Estado.
Enquanto o etanol caiu 13,3% nas vendas, o óleo diesel vendeu 3,5% a mais se comparados com os cinco primeiros meses do ano passado e o gás liquefeito de petróleo (GLP) 4,16% na comparação do mesmo período.
Na avaliação do assistente de economia da Associação da Indústria da Bioenergia e do Açúcar de Minas Gerais (Siamig Bioenergia), André Mendonça Ribeiro, a queda do etanol é atribuída à entressafra que, consequentemente, eleva os preços, tornando o etanol menos competitivo que a gasolina.
O economista-chefe do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Izak Silva, diz que a entressafra explica grande parte do movimento das vendas e da dualidade dos dados observados. “É a falta de oferta de etanol que explica a queda da produção e vendas do biocombustível, simultaneamente ao aumento das vendas e do consumo da gasolina”, afirma.
Quando observadas as vendas do etanol no Brasil, a queda é menos expressiva. De acordo com os números da ANP, de janeiro a maio, a baixa nas vendas do principal concorrente da gasolina foi de 2,2% no País. Sobre isso, o economista-chefe do BDMG diz que é um fator local.
“Minas Gerais é produtora de etanol. Nós temos um segmento sucroalcooleiro bastante significativo, especialmente na região do Triângulo. Portanto, nós temos preços mais competitivos por aqui. Sendo assim, a elasticidade preço-demanda é maior em Minas Gerais do que no restante do Brasil”, explica.
Além da sazonalidade, o professor de Ciências Contábeis da Estácio BH, Alisson Batista, ressalta que o preço é o que leva os consumidores a buscarem a gasolina. Nesse caso, os conflitos do Oriente Médio reduziram o preço do barril de petróleo, fazendo a Petrobras reduzir o preço para as distribuidoras. “De janeiro de 2024 para 2025, a gasolina saltou de R$ 5,79 para R$ 6,34, uma alta de 9,5%. Já o etanol, saltou de R$ 3,59 em janeiro de 2024 para R$ 4,34 em janeiro deste ano, uma alta de 21%”, o que justificaria a preferência do consumidor.
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Tendência é que vendas de etanol aumente a partir de agora
A safra da cana-de-açúcar é do final de abril a novembro. Sendo assim, a tendência, a partir agora, segundo Izak Silva, é que o mercado passe por um período de crescimento da oferta do etanol.
“É natural que nós observemos de agora para frente uma queda no preço do etanol em virtude do aumento da oferta”, comenta.
Entretanto, Silva explica que essa redução de preço do etanol pode e deve ser contrabalanceada por uma redução do preço da gasolina por conta de fatores externos. “É muito provável que nós tenhamos redução de preço de gasolina associada a redução de preço do barril de petróleo”, avalia.
Além disso, ele lembra que o etanol vai compor uma parte maior do preço da gasolina, o que deve puxar a gasolina para baixo também. “Prospectivamente, nós esperamos uma recuperação das vendas de etanol no Estado e também no País, mas com maior intensidade em Minas por essas questões estruturais”.
Programa Gás para Todos contribui com alta das vendas de GLP
O volume de GLP aumentou de forma significativa em Minas Gerais tanto na comparação de abril para maio (9,8%) quanto no acumulado do ano, na comparação com o mesmo período do ano passado (4,14%).
De janeiro a maio, foram 617 mil metros cúbicos (m³) ante os 593 mil m³ de 2024. O aumento com relação a abril é ainda maior, passando de 121 mil m³ para 133 mil m³, alta de 9,8%.
Quanto a esse fato, o economista do BDMG explica que o preço do gás de cozinha vinha numa crescente desde janeiro. Agora, com uma pequena queda e o reaquecimento do mercado com o Programa Gás para Todos, o volume de vendas acabou aumentando.
Diesel continua sendo o combustível mais vendido
Apesar do aumento significativo nas vendas da gasolina, o combustível mais comercializado pelas distribuidoras em Minas Gerais este ano foi o óleo diesel, representando 47% do total. Até agora, as negociações do produto somaram 3,4 milhões m³, alta de 3,4% frente aos cinco primeiros meses do ano de 2024, quando foram vendidos 3,2 milhões de m³.
“O diesel é um bom indicador de vendas e um bom antecedente de aquecimento da atividade econômica de uma forma geral. Quanto mais diesel a gente vende, maior a sinalização de que a atividade econômica está robusta, muito por conta do transporte de cargas especialmente”, lembra Izak Silva.
