A operação da Receita Federal contra o grupo Refit, do empresário e advogado Ricardo Magro, ocorrida na quinta-feira (27) em cinco estados e no Distrito Federal, teve como objetivo desvendar um suposto esquema fraudulento que causou prejuízos bilionários aos erários estaduais e federal. Por determinação judicial, foram bloqueados R$ 10, 2 bilhões ligados a diversos integrantes do grupo, para que haja uma garantia de que os créditos tributários devidos pela Refit possam ser pagos.
Dono do grupo, Magro foi um dos objetos de mandados de busca e apreensão, mas como reside nos Estados Unidos (além de possuir cidadania e residências em Portugal), não foi localizado. Além dele, seu pai, João Manoel Magro, seu avô, Manuel Joaquim Andrade, e sua mãe, Gabriela Magro, também foram alvos dos investigadores.
Procurados, por meio do escritório de advocacia de Ricardo Magro, localizado nos Jardins, em São Paulo, eles não se pronunciaram.
Além da família de Magro, a Receita e o Ministério Público de São Paulo bateram à porta do influenciador e comentarista político Cristiano Moreira Pinto Beraldo, que atua na rede Jovem Pan. Segundo as investigações, Beraldo gerenciaria empresas offshore nos Estados Unidos que pertenceriam a Ricardo Magro. Uma dessas empresas, a Cascais Bay LLC, tem como gerente Alessandra Engel Magro, esposa de Ricardo Magro. Já outra firma, a Oceana KB Real Estate LCC, é do próprio Ricardo Ma
Procurado pela reportagem, Beraldo não se manifestou. Pelas redes sociais, ele postou um vídeo no qual se diz surpreso por ter o nome envolvido na operação e afirma que se afastará da atividade de comentarista político. “Acabei de ser surpreendido agora com a informação de que meu nome consta na lista dessa operação. Não sei exatamente qual o motivo que fez com que meu nome estivesse ligado a essa operação, tenho mais de 25 anos de carreira, trabalhei duro pra ganhar cada centavo que ganhei e tenho minha atividade profissional estabelecida, sou especialista em administração e gestão de empresas em dificuldades e hoje trabalho nos Estados Unidos. Estou bastante surpreso, mas vou me aprofundar e entender o que aconteceu. É um momento em que preciso focar nisso, e com isso me afasto tanto das minhas atividades de militância política como de comentarista político”, disse. Já a Jovem Pan não quis comentar sobre a ação contra o colaborador.
Procurada, a Refit afirmou em nota que “os débitos tributários” mencionados “estão sendo questionados pela companhia judicialmente, exatamente como fazem inúmeras empresas brasileiras que divergem de uma cobrança”. “Trata-se, portanto, de uma disputa jurídica legítima”, argumenta, e não de “tentativa de ocultar receitas ou fraudar o recolhimento de tributos”. Sobre os outros pontos da investigação, em relação às empresas interpostas e sucessoras, a companhia não respondeu à reportagem.
Veja todos os investigados
As acusações descritas foram feitas pelo Ministério Público e embasaram o pedido de busca e apreensão determinado pela juíza Marcia Mayumi Okoda Oshiro, da 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores de São Paulo.
– Ricardo Andrade Magro: é a figura central que supostamente comanda toda a organização criminosa. Sua atuação iria desde a sonegação fiscal bilionária (ICMS-ST) até o complexo esquema de lavagem de dinheiro. Segundo o MP, os indícios de autoria são retirados do controle de todo o ecossistema, haja vista que é sócio do escritório de advocacia Magro Advogados, proprietário da empresa de tecnologia Roar Inovação que unifica as operações de todas as distribuidoras, e acionista de diversas holdings que controlam os fundos de blindagem. Também há indícios de utilização de seus familiares e executivos de confiança para a interposição societária, garantindo que o seu nome não figure diretamente nas distribuidoras operacionais, mas mantenha o controle e os proventos ilícitos. Procurado, não respondeu.
– João Manuel Magro: é pai de Ricardo e interposta pessoa societária, figurando como sócio ou administrador em empresas antigas do Grupo, como a Fera Lubrificantes, a fim de proteger o filho de qualquer responsabilidade direta. Procurado, não respondeu.
– Manuel Joaquim Andrade: é o avô de Ricardo Andrade Magro, atuaria na blindagem patrimonial e na manutenção do caráter familiar da gestão. Ele figura como sócio em empresas que se envolveram na dívida inicial (E.G. Fera Lubrificantes). Procurado, não respondeu.
– Gabriela Magro: mãe de Ricardo, é sócia da Edrosa Consultoria e Empreendimentos Ltda, uma das principais holdings imobiliárias da família, que possui vasta quantidade de ativos. Ela é seria, segundo o MP, usada para acumulação de patrimônio adquirido com os lucros da sonegação. Procurada, não respondeu.
Cristiano Beraldo: mantém empresas offshore nos EUA (Real Estate Assets, Oceana KB Real Estate, Quantum Bay, Hm Mia, Cascais Bay) que coincidem em endereço com as de Ricardo Magro, provando, também segundo o MP, a continuidade do esquema internacional de blindagem. Passou a ser CEO da J. Global Energy Inc. (parceira de Manguinhos). Beraldo é comentarista da Jovem Pan e pediu afastamento depois da operação contra si, divulgada pelo GLOBO. Abaixo, vídeo explicando o afastamento.






