A Cosan escalou um veterano para ajudar o grupo a enfrentar a crise bilionária que atinge a Raízen, sua joint venture de açúcar e etanol com a Shell. Vasco Dias Júnior, que comandou a Raízen entre 2011 e março de 2016, retorna agora à companhia para assumir um assento no conselho de administração.
Vasco estava no conselho da Cosan até meados deste mês, mas deu lugar aos novos acionistas BTG e Perfin no board do conglomerado de Rubens Ometto.
Primeiro CEO da Raízen e vindo da Shell, Vasco entra no conselho no lugar de Rodrigo Araújo Alves, conselheiro indicado pela Cosan que renunciou ao cargo — Rodrigo deixou também, neste mês, a função de CFO da própria Cosan. A movimentação consta no comunicado divulgado nesta segunda-feira (24).
O retorno ocorre num momento particularmente delicado para a Raízen. A companhia encerrou o último trimestre com R$ 53,4 bilhões em dívida líquida e um prejuízo de R$ 2,3 bilhões, pressionada por desempenho mais fraco nos canaviais, margens comprimidas e uma alavancagem 5,1 vezes o resultado operacional (Ebitda).
A situação levou a Cosan a admitir que parte dos R$ 1,44 bilhão captado no seu recente follow-on poderá reforçar a estrutura de capital da joint venture. A Shell, por sua vez, também discute alternativas para apoiar a empresa — um aporte de até US$ 1 bilhão pela petroleira britânica está entre as possibilidades em análise.
A mudança no conselho vem acompanhada de outra indicação: a Shell indicou Roland Alexander Ilube, executivo global responsável por aquisições, desinvestimentos e novos negócios no grupo, para o board. Ele assume a cadeira de Cristiano Pinto da Costa, o CEO da Shell no Brasil.
O reforço das duas controladoras sinaliza que decisões relevantes sobre operação, portfólio e capitalização devem avançar nos próximos meses, em linha com o esforço para estabilizar a estrutura financeira da companhia.
