Com juro alto, usina Coruripe suspende plano de expansão e foca na dívida

14/07/2025

Fonte: Estadão

A Usina Coruripe, 8ª maior do setor sucroenergético, suspendeu o plano de ampliar a capacidade de moagem dos atuais 16,2 milhões para até 25 milhões de toneladas de cana/ano. O projeto previa a construção de duas unidades em Paranaíba (MS) e União de Minas (MG), com aporte de R$ 600 milhões por usina. Com os juros altos, a prioridade passou a ser a contenção da dívida líquida de R$ 3,75 bilhões, diz o presidente, Mario Lorencatto. Este ano, a usina recomprou US$ 300 milhões em títulos de dívida e planeja emitir até o fim de 2025 um Certificado de Recebíveis do Agronegócio. “Cerca de 80% do caixa operacional vai para o serviço da dívida. Com juros reais próximos de 20%, fica difícil garantir retorno em commodities”, diz.

Operação diminui, mas receita cresce

O recuo nos investimentos acompanha a leve queda nos indicadores operacionais, apesar da receita líquida recorde de R$ 4,8 bilhões na safra 2024/25. A moagem caiu 3%, para 15,8 milhões de toneladas de cana, e a produção de açúcar recuou 7%, para 1,15 milhão de toneladas.

Contratos fixados são proteção

A queda do preço externo do açúcar não preocupa a Coruripe, que fixou 75% da produção prevista para 2025/26 a preços entre R$ 2.700 e R$ 2.800/tonelada, acima dos atuais R$ 2.000. A qualidade da cana elevará a participação do açúcar no mix de 65% para 70%. Isso deve permitir um suave recuo da receita, para cerca de R$ 4,7 bilhões.

Novo nicho

A multinacional japonesa Sakata Seed Sudamerica acaba de adquirir a Agritu, empresa de Santa Catarina. O valor da operação, concluída na semana passada, com assessoria do escritório Loeser e Hadad Advogados, não foi divulgado. A Sakata atua principalmente com sementes de flores, legumes e frutas, enquanto a Agritu é líder e especializada em sementes de cebola no Brasil. “Esta nova fase representa uma oportunidade única de expandir o nosso alcance”, afirmam Arno Zimmermann e Sebastião Müller, cofundadores da Agritu. Ambas as empresas seguirão, entretanto, com operações independentes.

Colhendo resultados

O Fundo de Biodiversidade da Amazônia, assessorado pela Impact Earth, já investiu R$ 104 milhões em projetos na região. Os recursos apoiam sete empreendimentos e oito cadeias produtivas, com foco em recuperação de áreas degradadas, cultivo de plantas comestíveis não-convencionais (pancs) e cacau regenerativo. Foram restaurados 1.651 hectares de áreas degradadas e conservados 662 mil hectares com alto valor de biodiversidade.

Conquistou

A VPJ Alimentos ampliou em 63% suas vendas, sobretudo de carne bovina, no Sam’s Club nos últimos 12 meses. O resultado se deve à estratégia baseada em porções menores e na variedade de cortes premium. Segundo a empresa, o modelo de autosserviço com embalagens de 300 e 500 gramas tornou os produtos mais acessíveis. O número de consumidores atendidos cresceu 34%.

Cabeça fria

Guilherme Campos, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, diz que a maior tensão nas relações entre Brasil e Estados Unidos exige “sangue de barata”. “Neste momento tem de prevalecer o bom senso e o interesse econômico, com sangue frio, sem a cortina de fumaça do trumpismo e do bolsonarismo”, afirma à coluna. O secretário tem ouvido de entidades e representantes do setor produtivo preocupação com os impactos comerciais da tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.

Relação antiga

Para Campos, a preocupação do agronegócio com o tarifaço de Trump é “justa”, considerados os efeitos nas exportações e também na importação de insumos. “Mas a relação entre os dois países é secular e por isso não pode ser colocada à prova com movimento intempestivo”, afirma.

Top 10 de RJs do agro somam R$ 15,7 bilhões

As dívidas das dez empresas do agronegócio com os maiores passivos em recuperações judiciais (RJs) somavam R$ 15,7 bilhões ao fim de junho. A cifra foi estimada em levantamento exclusivo do escritório Diamantino Advogados Associados, especializado em agronegócio. A AgroGalaxy, distribuidora de insumos, lidera a lista, com passivo de R$ 4,67 bilhões.

Agronegócio mede prejuízo com tarifaço dos EUA

O setor produtivo segue debruçado sobre calculadoras para ter uma ideia de quanto o Brasil deixará de exportar aos Estados Unidos se a tarifa de 50% anunciada para produtos brasileiros entrar em vigor em 1.º de agosto. Carne bovina, suco de laranja, café e pescados são os setores mais expostos à sobretaxa. Alguns segmentos afirmam que os embarques ficarão inviáveis.

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