A administração e os principais acionistas da Raízen esperavam já ter um desenho do que deve ser a operação de capitalização da companhia ainda neste ano, mas isso deve escorregar para janeiro. Uma das razões é que o fechamento da venda dos ativos na Argentina, que traria uma redução na necessidade de capital e algum alívio para investidores, também pode acabar ficando para a virada do ano, apesar das tratativas bem avançadas.
Mas o ponto principal ainda é quem entra com quanto na capitalização. Já é consenso que parte relevante do capital deve vir de desembolso da Shell, que quer evitar de qualquer maneira um pedido de recuperação judicial — a primeira solução proposta pelo BTG Pactual, que se tornou co-controlador da Cosan neste ano, e que atua como assessor financeiro, apurou o Pipeline. A Raízen é uma joint venture de Cosan e Shell, com 12% do capital no mercado.
“A capitalização passa pela Shell, ela quem puxa o fio para atrair outros cheques”, disse uma fonte. “A companhia tem posição tem posição forte de caixa e não tem vencimento muito curto, apesar da alta alavancagem. Mas há uma expectativa de resolução no primeiro trimestre na esteira da solução de Cosan”, complementa outra fonte.
O BTG pode participar da operação, via Cosan e fundos, mas com uma fatia pequena. Na capitalização da controladora, os acionistas deixaram claro que estavam levantando R$ 10 bilhões para atender às necessidades da companhia e que esse capital não iria para a Raízen. Por fim, acabaram aumentando o hot issue em cerca de R$ 500 milhões, ordem de grandeza que poderia ser destinada à Raízen caso haja acordo entre os acionistas.
Curiosamente, quem entrou na capitalização da Cosan com um cheque de volume semelhante foi o BNDES. Por meio do braço de investimentos, aportou R$ 409 milhões. “A oferta já estava coberta e não precisava do BNDES”, destaca uma fonte. O Pipeline apurou que, desde então, o banco de fomento tem participado de conversas sobre a capitalização e pode participar em alguma medida desse processo, já que transição energética é um de seus temas prioritários. A Raízen atua na produção de etanol e açúcar e na distribuição de combustíveis, e tem mais de 40 mil colaboradores.
Procurado pelo Pipeline, o BNDES disse que “não comenta assuntos relacionados a empresas de capital aberto.”

