Grupo de Rubens Ometto busca um sócio minoritário para joint venture com a Shell; japonesas Mitsui e Mitsubishi estariam entre os interessados no negócio
O Grupo Cosan, do empresário Rubens Ometto, deverá receber até o início de outubro as propostas vinculantes para a compra de uma fatia da Raízen, companhia distribuidora de combustíveis e produtora de açúcar e etanol. A Shell é sócia do grupo na companhia.
Uma fonte afirmou que o grupo já começou a receber sondagens. A agência “Bloomberg” informou ontem que a japonesa Mitsubishi estaria entre as interessadas. Outro grupo japonês, a Mitsui, também estaria no páreo, apurou o Valor. A Mitsui já tem parceria com a Cosan em outros investimentos no país.
A venda da fatia da Cosan na Raízen deverá ser feita para um grupo estratégico, de preferência estrangeiro, segundo essa fonte, que falou sob sigilo. Os potenciais interessados em ter uma participação na companhia de Ometto e Shell estariam em busca de ter participação no mercado global de etanol. Ainda não está definida a fatia que a Cosan pretende vender na Raízen. “Depende do tamanho do cheque”, disse essa fonte ligada à companhia.
A intenção inicial é que o novo sócio tenha posição minoritária na Raízen, mas traga recursos que reforcem sua liquidez enquanto o plano de venda de ativos, que já está em curso e deve chegar a R$ 15 bilhões até o fim do ano, não se concretiza integralmente.
A Raízen já está se desfazendo, nos últimos meses, de um pacote de usinas e busca comprador para a refinaria na Argentina. Maior processadora de cana-de-açúcar do mundo e maior produtora de etanol, a companhia sentiu o baque do crescimento acelerado e da diversificação de negócios executados na última década. O endividamento estava de quase R$ 50 bilhões em junho.
A Cosan é assessorada pelo Itaú BBA e a Raízen, pelo Citi. Procurada, Cosan não comenta. Já a Raízen reiterou que tem avaliado em conjunto com a Shell potenciais investidores para uma transação de capitalização na Raízen. “Não há, entretanto, quaisquer aprovações ou eventos vinculantes até o momento.”
Os porta-vozes da Mitsubishi e Mitsui não retornaram os pedidos para comentar o tema até o fechamento desta edição.
Ontem, o Bank of America cortou o preço-alvo da Cosan de R$ 14 para R$ 11 e manteve a recomendação de compra. As ações da holding fecharam em alta de 3,3%, a R$ 6,25. Já as ações Raízen recuaram 2,42%,a R$ 1,21, segundo Valor Data.
Na visão do banco, a Cosan apresenta uma história única de desalavancagem na América Latina, com potencial de alta de 86%.
A Cosan está implementando medidas para melhorar operações e reduzir dívida, e o potencial aumento de capital na Raízen poderiadestravar valor, comentam os analistas liderados por Isabella Simonato.
Apesar de a companhia enfrentar desafios relacionais a juros altos e “timing”, o BofA acredita que o cenário mudará, e o potencial aumento de capital da Raízen destravando valor da Cosan pode trazer um novo acionista estratégico, o que poderia resultar em acréscimo de valor.
“Acreditamos que as ações da Cosan embutem hoje valor zero para a Raízen, dadas as preocupações dos investidores com o balanço alavancado e o risco de diluição após o anúncio da Raízen de um plano de aumento de capital”, diz o relatório. (Colaborou Beatriz Kawai)