Voltar

Notícias

Ciência promete combustíveis mais baratos e mais limpos

06/06/2016

Fonte: Económico (Portugal)

Ter combustíveis mais baratos e menos poluentes é um sonho antigo. O problema é que, mesmo com o petróleo a custos mais baixos no mercado internacional, os preços pagos nos postos de abastecimento são elevados. Além disso, os derivados do petróleo são altamente poluentes e desde 1826 que se tenta obter uma alternativa à gasolina. A história dos biocombustíveis mostra que até se conseguiu encontrar um produto alternativo, o etanol, produzido a partir de plantas. O problema é que era mais caro que a gasolina.

Uma investigação conduzida pela empresa de investigação norte-americana Xylome e o Great Lakes Bioenergy Research Center, dos EUA, mostra que, afinal, parece ser possível produzir combustíveis mais baratos, revela a revista Business Insider. Os investigadores, liderados por Thomas Jeffries, descobriram uma bactéria – Spathaspora passalidarum – que existe nos intestinos do escaravelho e é supereficiente na transformação de xilose, açúcar vegetal, em energia. E, com um pouco de engenho, conseguiram torná-la ainda mais eficiente.

O etanol como combustível teve um período áureo duranta a II Guerra Mundial, quando os ataques dos submarinos dificultavam o transporte e, naturalmente, o abastecimento de petróleo. Em 1943, chegou mesmo a ser obrigatória a mistura de 50% deste álcool na gasolina. Os alemães também sofreram com as restrições e, já no fim da guerra, quando começaram a produzir as bombas voadoras tiveram de improvisar novos combustíveis. Por isso, os foguetes V2 eram propulsionados por uma mistura de álcool combustível (75% de álcool etílico, produzido a partir de batata, e 25% de água) e oxigénio líquido.

O problema ao longo dos tempos é que a produção de álcool etílico ficou sempre mais cara que os combustíveis fósseis. Além disso as empresas que se comprometeram a desenvolver o etanol como alternativa aos combustíveis tradicionais falharam sempre no cumprimento das promessas e deram origem a um estigma que ficou a pairar sobre a ciência ao redor deste tema. Agora, os cientistas dizem que estão mais perto do que nunca de resolver o problema.

Timothy Donohue, investigador principal do centro de investigação dos Grandes Lagos, e microbiologista, diz que “quanto mais xilose for transformada pelos micróbios, mais combustível será produzido”, ou seja etanol. A empresa Xylome, dedicada à investigação de biocombustíveis de segunda geração, está a utilizar bactérias para optimizar a produção de álcool etílico, procurando obter mais combustível por tonelada de biomassa processada.

O novo método funciona com o milho tradicional, mas também com diferentes tipos de gramíneas, desperdícios de madeira e partes não comestíveis de plantas, o que significa, segundo a Business Insider, que não vai concorrer com a alimentação humana. Uma outra boa notícia é que as fábricas actuais vão poder ser adaptadas para a nova produção de etanol, o que dispensa a construção de novas instalações.

A Business Insider refere que se espera uma mudança radical na produção de etanol e que as novas linhas aberta por esta investigação vão permitir às empresas transformar xilose numa série de novos produtos, a começar pelo etanol. O novo produto, anuncia a revista, será apresentado publicamente no International Fuel Ethanol Workshop & Expo, a realizar em Milwaukee, no Wisconsin, EUA, de 20 a 23 de Junho.

O Minaspetro divulga notícias de outros veículos como mera prestação de serviço. Esses conteúdos não refletem necessariamente o posicionamento do Sindicato.