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FGV: Alta de combustíveis para reduzir defasagem de preços pode ter impacto de 0,4 p.p. no IPCA

16/04/2024

Fonte: Valor Econômico

 

conflito entre Irã Israel deve colocar mais pressão por um reajuste interno dos combustíveis no Brasil, mas os efeitos sobre os alimentos devem ser mais brandos. A afirmação é do economista André Braz, coordenador de índices de preços do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), para quem a defasagem dos preços internos dos derivados frente às cotações internacionais já pesavam para um reajuste mesmo antes do ataque do Irã ao território israelense.

Braz ressalta que, atualmente, há uma “defasagem grande” dos preços internos dos combustíveis frente às cotações internacionais e diz que é “provável” que aconteça um reajuste interno este mês. Mas ele não acredita que o movimento de alta dos preços será capaz de zerar a defasagem.

Segundo ele, caso o reajuste aconteça de forma a compensar metade da defasagem atual na gasolina, por exemplo, o combustível ficaria 8% mais caro nas refinarias da Petrobras, o que significaria um impacto de 0,4 ponto percentual (P.p.) no IPCA. A gasolina pesa 4,9% no índice de inflação oficial.

“Isso se a defasagem não ampliar [devido ao conflito] e houver necessidade de um ajuste maior”, pondera Braz.

No caso do diesel, o impacto é menor, uma vez que o produto pesa apenas 0,3% no IPCA. Logo, uma alta de 5% — que equivaleria à metade da defasagem hoje existente, segundo Braz — causaria um impacto de elevação de 0,02 ponto percentual (p.p.) no índice.

Mas Braz lembra que “o diesel engana”, pois é responsável por abastecer máquinas no campo, tem impacto no transporte urbano e movimenta termelétricas no setor de energia, entre outros usos. “Gasolina é para consumo privado, das famílias. O diesel é para a cadeia produtiva, acaba tendo impacto maior, mas é difícil estimar porque tem algum impacto em todos os setores. Muita coisa pode ser impactada [indiretamente] pelo diesel”, frisa Braz.

Nos últimos 12 meses, o IPCA acumula alta de 3,93% até abril, enquanto a gasolina soma aumento de 4,3% e o diesel, baixa de 1,25%.

Em relação aos alimentos, Braz detalha que o impacto direto pode vir em função da escalada do conflito a ponto de haver algum comprometimento da cadeia de transporte de grãos. Mas o economista ressalta que se preocupa mais, em termos de pressão sobre os preços de alimentos, com os fenômenos climáticos El Niño La Niña.

Ele afirma que os preços dos grandes grãos — sojamilho trigo — estão “comportados”, compensando um pouco os efeitos climáticos.

“Soja, milho e trigo estão em queda quando comparados com 2023. Estão mais baratos que há um ano. Isso ajuda a compensar algumas pressões que a gente vê por aqui”, explica.

Braz acrescenta que o que pressiona atualmente os alimentos no Brasil são os in natura, que sofrem com choque de oferta. “Mas é cíclico. Sabemos que os in natura ‘devolvem’ essas altas depois, quando a oferta aumenta”, diz.

Sobre o conflito e o efeito nos alimentos, Braz frisa que o início dos ataques é sempre o período de maior volatilidade, causada pela incerteza sobre a dimensão que as agressões podem tomar.

“Pode haver uma escalada de preços sem que haja uma necessidade real disso [no começo do conflito]. Mas essa escalada seria ditada pela incerteza”, diz Braz.

Dentro do IPCA, o grupo alimentação e bebidas subiu 3,1% nos últimos 12 meses encerrados em março. Entre os subgrupos, a alimentação no domicílio subiu 2,51% em 12 meses e a alimentação fora de casa avançou 4,71%.

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